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Discurso 25 de Abril 2012




Intervenção do Deputado Carlos Zorrinho

Sessão Solene do 38º aniversário do 25 de Abril







Sr. Presidente da República

Sra. Presidente da Assembleia da República

Sr. Primeiro-ministro.

Sras e Srs Deputados

Sras e Srs Convidados



Em 38 anos de Democracia, Portugal e os portugueses fizeram um progresso assinalável.



A nossa ainda jovem Democracia tem tido um percurso difícil, com obstáculos, mas tem tido um percurso de sucesso.



Em nome do Partido Socialista, presto a minha homenagem a todos quantos, pela sua luta empenho e coragem, tornaram possível a revolução de Abril.



Saúdo também todos aqueles que com o seu esforço ajudaram a transformar Abril em mais e melhor educação, mais e melhor equidade social, mais e melhor habitação, mais e melhor saúde, mais e melhor igualdade de oportunidades, mais e maior prestígio de Portugal no mundo.



Uma revolução democrática é um processo contínuo, que precisa de se reinventar permanentemente para fazer face aos novos desafios.



É um processo contínuo que precisa de se reinventar também para estar à altura das legítimas aspirações das novas gerações.



Uma revolução democrática precisa de rumo e de memória.



Desde há dez meses, em nome de uma agenda ideológica de total submissão aos mercados e aos seus interesses, o governo tem vindo a proceder à maior inversão de rumo da nossa história democrática, ignorando ao mesmo tempo a nossa memória coletiva.



O rumo do crescimento e do progresso foi invertido.



Portugal deixou de crescer economicamente e de criar emprego.



Os indicadores sociais, as qualificações e os repositórios de conhecimento deixaram a trajetória de aproximação à média europeia e muitos começaram mesmo a regredir, deitando por terra décadas de esforço e de empenho de muitos governos, de muitas instituições e de muitas pessoas.



Este é o primeiro governo da nossa história democrática que parece querer dispensar a memória de Abril. A memória dos valores que lhe deram fulgor. A memória do sentido forte da nossa identidade enquanto País europeu aberto ao mundo.



Este é o primeiro governo da nossa história que tem sido um aliado objetivo das visões extremistas que estão a corroer a Europa.



Abril é fonte de liberdade e de diversidade.



A liberdade não se proclama nem se impõe. A liberdade pratica-se à medida de cada um e no respeito por todos.



A liberdade é a realização colectiva mais importante que um povo pode alcançar. É o direito ao trabalho, à auto-determinação económica, ao acesso igual à educação e à saúde, à felicidade.



É o direito ao progresso transportado de geração para geração.



Os maiores adversários de Abril são o saudosismo, o revivalismo ou o reviralho. A estagnação ou o alheamento. A captura ideológica ou idiossincrática.



Os seus maiores aliados são os que não desistem de o fazer cumprir.



E o Partido Socialista não desiste. Faremos por isso uma rutura democrática com quem baixar os braços. Com quem ousar tentar destruir numa legislatura o que levou décadas a adquirir.



Pugnamos por uma agenda de modernidade e de desenvolvimento sustentável.



São de Abril as energias limpas, as indústrias criativas, a inovação tecnológica, as competências reforçadas nos sectores tradicionais, o aproveitamento dos recursos endógenos, na floresta, no mar, no turismo, a aposta nas exportações, a valorização da marca Portugal.







É de Abril a ambição geoestratégica de posicionamento de Portugal como um País global e um País rede, rejeitando ser periferia ou protectorado de quem quer que seja e afirmando a identidade histórica de quem dá novos mundos ao mundo, gera novas soluções e estabelece pontes entre as culturas, as gentes e os territórios.



É de Abril o diálogo social, a convergência entre a competitividade e a coesão. A promoção da solidariedade geracional e territorial.



O Governo não tem sabido assumir a responsabilidade dos consensos políticos, dos consensos sociais e dos consensos europeus.



Tem malbaratado a disponibilidade política de quem põe os interesses do País acima dos interesses partidários ou sectoriais.



Foi a uma Europa solidária, competitiva e sustentável que aderimos. Esta é a nossa Europa. A Europa que desejamos é que é também ela tributária do espírito de Abril.



É por essa Europa que temos de lutar em vez de nos conformarmos a uma Europa exígua, mercantil e contabilística. É por essa Europa que lutamos quando exigimos um ato adicional ao Tratado Orçamental, focado no crescimento e no emprego.



Abril é também primavera.



Primavera Europeia com o desenvolvimento duma plataforma progressista alternativa ao pensamento único que nos conduziu ao abismo.



Primavera europeia que desejamos, volte a florir dia 6 de Maio com a vitória de François Hollande nas eleições presidenciais francesas.



Uma vitória que a ocorrer quebrará o eixo de dominação tecnocrática que tem conduzido ao empobrecimento da Europa e em particular dos Países nos quais os choques assimétricos são mais evidentes, como é o caso de Portugal.



O Partido Socialista reafirma hoje, nesta celebração de grande simbolismo, que há outro caminho.



Com responsabilidade e cumprindo os compromissos assumidos internacionalmente, é possível um ajustamento que não seja um empobrecimento colectivo, mas que seja antes a preparação para um novo ciclo de crescimento e de emprego.



Crescimento e Emprego são aliás de novo prioridades da Comissão Europeia, do Banco Central Europeu e do Fundo Monetário Internacional.



Por enquanto, prioridade apenas no papel, mas que nós temos a obrigação de ser os primeiros a concretizar e não os últimos a aceitar.



Há outro caminho. Um caminho com as pessoas. Um caminho com confiança. Um caminho com compromisso. Um caminho com verdade. Um caminho com alegria. Um caminho com dignidade. Um caminho com esforço.



As Portas que Abril abriu, que não as fechemos nós. É a hora de continuar a fazer Abril na Europa e em Portugal.









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