O Capital, as Pessoas e o Planeta
2015/08/03 19:09
| Diário do Sul, Fazer Acontecer
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Em
representação do meu grupo político no Parlamento Europeu (Grupo dos Socialistas
e Democratas) de que sou coordenador para a América Latina, participei a
convite do Foro de S.Paulo (FSP) na 21ª
edicão daquela plataforma, realizada na cidade do México. Criado em 1990 em
S.Paulo com um forte impulso do Partido dos Trabalhadores e do então seu líder Lula
da Silva, o FSP junta hoje centenas de organizações políticas e 13 países são
governados por Partidos ou Movimentos que nele se integram.
Participar
ativamente numa organização desta natureza é um desafio muito interessante. A
América Latina desenvolveu uma cultura política muito própria e não é fácil estabelecer
correlações diretas entre os partidos e movimentos políticos latino –americanos
e os seus congéneres europeus. Globalmente o FSP é mais radical do que a média
dos socialistas e democratas europeus. Verifiquei no entanto nas múltiplas
conversas bilaterais, formais ou informais, que a diferença reside mais no
modelo de resposta do que no diagnóstico dos problemas que assolam o mundo.
Há uma grande convergência na recusa do atual
modelo de globalização desregulada, extrativa, baseada exclusivamente na maximização
da remuneração dos capitais e sem preocupações sérias no combate às
desigualdades e na preservação do ambiente, fazendo das pessoas e do planeta
instrumentos para o ganho económico, em vez de fazer da economia um instrumento
para o bem-estar das pessoas e para a sustentabilidade da Terra em que vivemos.
Um
interveniente colombiano, ao apresenta uma interessante experiência de gestão sustentável
na cidade de Bogotá, afirmou que a luta do capital contra o trabalho foi
substituída por uma luta do capital contra o planeta. Esta análise é muito interessante
num contexto do racional neo – liberal, que incita a ganhar o mais possível no
mais curto prazo de tempo, mesmo que isso implique destruir recursos não
renováveis.
A
diferença está no modelo de resposta. Enquanto nos diversos movimento e
partidos do FSP (na maioria e não em todos) se acredita que o fim da
globalização é a solução, para mim e para o grupo político que represento, o
caminho é a mudança das regras da globalização, a inclusão de fortes normas
sociais e ambientais e a colocação das pessoas no centro dos projetos políticos
e económicos.
Se há
algo que deve hoje unir a esquerda progressista e democrática de todo o mundo é
o objetivo de mudar as regras da globalização. Construir e aplicar uma
narrativa de globalização alternativa à narrativa Neo-Liberal. Evitar o ciclo
de destruição entre o capital, as pessoas e o planeta. Um ciclo que se não for
invertido porá em causa a nossa civilização.
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