Seca
Quando o PSD, através do Partido Popular Europeu (PPE), grupo político onde se integra, decidiu solicitar um debate na sessão plenária de fevereiro do Parlamento Europeu sobre a seca em Portugal, percebi sem falsa ingenuidade, que repetia um padrão em que é useiro e vezeiro, de usar a casa da democracia europeia para fazer política interna.
Não hesitei, contudo, secundado por todos os meus colegas de Delegação, em recomendar ao meu grupo político, os Socialistas e Democratas (S&D) que apoiasse o agendamento do debate e aproveitasse para o alargar à discussão do tema na Península Ibérica e noutras zonas da Europa, em que fenómenos climáticos extremos são agora mais frequentes que nunca.
A Agência Europeia do Ambiente, no relatório recentemente divulgado sobre “Riscos climáticos em mutação na Europa” adverte que o Sul da Europa deve preparar-se para verões mais quentes, secas mais frequentes e um maior risco de incêndio. Refere também que é provável que a Europa Central registe uma menor precipitação estival, e fenómenos meteorológicos extremos mais frequentes e mais fortes, incluindo precipitação intensa, cheias, secas e riscos de incêndios.
A seca extrema, tal como outros fenómenos climáticos severos são estruturais, mas têm impactos conjunturais. Não são neutrais no seu efeito nas pessoas e nos territórios. É preciso evitar que sejam os mais pobres e os mais vulneráveis a sofrer as consequências mais graves. É isso que têm feito os governos de Portugal e Espanha nesta circunstância, com medidas nacionais, bilaterais e de recurso aos mecanismos europeus de apoio e solidariedade.
Toda a sociedade tem que se mobilizar para combater com determinação as alterações climáticas, e ao mesmo tempo usar o conhecimento, a tecnologia, a inovação, a partilha de boas práticas, para garantir a segurança, a qualidade de vida e o desenvolvimento sustentável dos nossos territórios, respondendo aos novos desafios com que somos confrontados.
Os agricultores têm que continuar a dispor da água para produzir de forma eficiente os bens que necessitamos. A água tem que continuar a estar disponível nas torneiras para um uso racional. A indústria e os serviços precisam da água para disponibilizar produtos essenciais.
A seca, tal como outros fenómenos extremos provocados pelo aquecimento global, exige debate sério e medidas fortes de prevenção, adaptação e resposta. Todas as oportunidades são boas para debater, sensibilizar e ajudar a fazer o que tem que ser feito.