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Nossa Senhora de Todos Nós

Nossa Senhora de Todos Nós

Estava em Estrasburgo, não muito longe da majestosa Catedral de Notre-Dame daquela cidade francesa,  quando de repente comecei a receber mensagens e alertas de que acerca de 500 km dali outra Catedral de Notre Dame, a de Paris, estava a arder. 

Depressa os ecrãs de televisão que se avistavam se coloriram com as imagens feéricas da hecatombe do pináculo e de outras partes do templo. Sentia-se um esgar de constrangimento nas pessoas que olhavam incrédulas. Por momentos todo o cenário psicológico, ainda que ao lusco fusco e não em plena manhã como aconteceu em 11 de setembro de 2001, fez-me lembrar o que vivi e senti quando da queda das torres gémeas em Nova Iorque. 

Nada aproxima os dois eventos exceto a força dos ícones civilizacionais. As torres gémeas eram uma construção moderna e foram derrubadas por um infame ato terrorista provocando milhares de mortos. A Catedral parisiense tinha oito séculos, sucumbiu parcialmente ao que se sabe a um curto-circuito provocado pelas obras de restauração e não fez vítimas humanas.

Contudo, os dois nefastos acontecimentos, de dimensões diferentes, mas com força simbólica muito forte, tiveram ambos a capacidade de unir gentes diferentes, muito para além das fronteiras, das comunidades e dos países em que estavam integradas as estruturas colapsadas.    

As reações de solidariedade com França e com a necessidade de resgatar o máximo possível da Catedral e reconstruir o que foi destruído, trouxeram de novo ao de cima os bons sentimentos, um pouco por todo o mundo. 

Na União Europeia o sentimento de que Notre Dame ferida era também um rude golpe para a história e a tradição do espaço comum foi particularmente notório. Pude senti-lo de forma próxima durante o plenário do Parlamento Europeu que nessa semana decorreu em Estrasburgo.

Com grande sentido de perceção da oportunidade e da urgência, Donald Tusk, Presidente do Conselho Europeu afirmou perante os eurodeputados, que embora a França tenha meios técnicos e económicos para reconstruir a Catedral, essa reconstrução, por aquilo que o templo significava e significa, era um objetivo comum de toda a União Europeia. A sua declaração foi aplaudida por uma maioria esmagadora do hemiciclo.

Notre Dame é francesa, é europeia e é património da humanidade. É uma Nossa Senhora de todos nós. Em momentos como o que sucedeu em Paris na noite de dia 15 de abril fica claro, que mesmo no mundo turbulento e desigual em que vivemos, aquilo que nos une é muito mais do que aquilo que nos separa.  
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