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O Mundo é o que Somos


 

Tempo de Páscoa é tempo de recomeço ou de renascimento. Tempo de reflexão sobre o sentido das coisas, num momento que convida à dispersão e em que conseguir ter foco é um dos desafios mais difíceis do dia-a-dia.

Escrever uma crónica que tenha a ver com a atualidade e com o sentido do tempo que vivemos tem também essa dificuldade de foco e de escolha. Há tanta coisa a acontecer em todos os patamares; na nossa terra, no nosso País, na Europa, no Brasil, em Cuba, que talvez valha a pena lembrar algo simples. A sociedade é a projeção da ação do homem. O mundo é o que somos. Se formos diferentes o mundo também será diferente. Cada um de nós fará uma pequena diferença. A soma das pequenas diferenças faz o mundo em que vivemos.

Quando em 5 de janeiro de 2015 a sede do jornal satírico francês “Charlie Hebdo” em Paris foi barbaramente atacado por um comando terrorista matando 12 pessoas e ferindo gravemente outras cincos, o mundo comoveu-se e no dia seguinte muitos de nós assumimos aquele ataque como sendo um ataque coletivo à liberdade de expressão. Sentimo-nos também atacados e escrevemos nos nossos murais e nos nossos textos “Je Suis Charlie” (Eu sou Charlie). Eu fui um deles.

Depois disso, já nos sentimos muitas outras coisas. Os ataques terroristas, a tragédia dos refugiados, as catástrofes naturais, as limpezas étnicas ou religiosas, os territórios ocupados por bandos armados, os jovens desaparecidos em muitas partes do globo. Não há semana em que não sintamos em nós a dor partilhada com quem sofre e um certo sentido de impotência perante o filme de um mundo em dissolução e que a comunicação global nos mostra em tempo real.

Esta consciência de que somos nós sendo também em parte o outro deve merece reflexão sempre e em particular neste tempo de Páscoa. Há uma conexão entre tudo o que acontece num sistema complexo. Sendo importantes as manifestações coletivas e mediáticas, não podemos perder a noção que por cada episódio que ocorre com visibilidade global, há muitos outros que lhe estão ligados e dos quais não temos essa consciência.

Nos últimos anos já nos sentimos muitas vezes gregos pela forma como aquele nosso parceiro da União Europeia (UE) foi aqui e ali humilhado pelos decisores europeus. Mas agora que nos sentimos Refugiados em solidariedade com os que fogem dos palcos de guerra e tentam chegar a um espaço de paz, não podemos deixar de nos sentir igualmente gregos ao pensar que é um dos Países com mais dificuldades na UE que mais esforço é levado a fazer para prestar apoio aos desesperados que aportam ao seu território. Neste domínio aliás podemo-nos sentir com orgulho portugueses, em função da atitude de abertura e sensibilidade demonstrada pelo Governo e pela nossa sociedade em geral.

O mundo é aquilo que somos. Não vale a pena a desculpa de por nós não contamos porque de facto só nós mesmo é que contamos. Tudo começa e acaba em cada um de nós. Vamos ser. Vamos fazer acontecer. Páscoa Feliz.     

 

 
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