Pela União Europeia (UE)
2016/02/14 10:23
| Diário do Sul, Visto do Alentejo
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Na sequência das duras negociações entre
o Governo Português e a Comissão Europeia, cumprindo as regras do Semestre
Europeu com o atraso devido ao processo eleitoral e à constituição de um novo
Governo em Portugal, alguns observadores mais exaltados têm afirmado que é
necessário travar um combate contra a UE. Discordo.
Espera-nos um combate difícil e estimulante,
mas não um combate contra a UE. Terá que ser, antes, um combate na UE e pela
UE.
A União Europeia é um projeto
democrático. Quando escolhemos os Eurodeputados para o Parlamento Europeu, os
Primeiros-Ministros que vão integrar o Conselho Europeu ou os Governos a quem
cabe propor os Comissários que formam o colégio da Comissão Europeia, estamos a
dar sinais sobre as políticas que democraticamente desejamos ver aplicadas.
A visão neoliberal ainda predominante
nas instituições europeias é o resultado do voto maioritário dos cidadãos
europeus na direita e no centro direita. O grande desafio para quem pugna por
uma Europa dos valores, da sensibilidade social e da sustentabilidade económica
e ambiental é mobilizar os cidadãos europeus para outras escolhas, descolando
os votos da direita neoliberal para a esquerda moderna e progressista, evitando
ao mesmo tempo o perigo maior da sua fuga para as várias ofertas populistas
disponíveis.
Ainda que com regras do jogo algo
marcadas por Tratados fortemente blindados, mas não inexpugnáveis à vontade
política, o grande combate a travar na União Europeia é um combate político
pela supremacia democrática de um modelo que volte a recuperar os ideais
fundadores do projeto europeu, adaptados aos novos desafios do Século XXI.
A crise económica, o desemprego jovem, a
insegurança física, os riscos no acesso à energia ou na proteção da privacidade
na nova sociedade digital, exigem respostas políticas credíveis.
É na formulação e concretização de
respostas atrativas a estes desafios que se tem que consolidar a viragem a
favor da esquerda progressista do combate pela UE, pela sua integridade e pela
sua capacidade de ser influente no contexto da globalização.
Combater contra a UE é escolher o adversário
errado. Combater por uma UE melhor, mais robusta, mais forte e mais focada nas
pessoas e no desenvolvimento é a prioridade nestes tempos difíceis que vivemos.
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