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A Queda de Um Mito


 

 

Para mim desde há muito tempo que a receita económica aplicada por Passos Coelho e Vitor Gaspar é um erro extremo. Na minha primeira intervenção na Assembleia da República, feita nesta legislatura enquanto líder parlamentar do PS e na presença do governo, alertei para a contradição de termos uma governação que tinha como estratégia implícita empobrecer o seu povo. Nessa intervenção chamei à atenção pela primeira vez para o perigo da espiral recessiva que se estava a provocar. Estávamos em Outubro de 2011.

 

Depois disso os sintomas só se agravaram. Na intervenção que fiz no dia 25 de Abril de 2012 instei o governo a arrepiar caminho e explicitei que a teimosia nos poderia conduzir ao desastre e a uma rotura democrática. Não arrepiaram e o desastre é hoje pleno. A rotura democrática também. Ou o Governo recua depressa e muda as escolhas de forma drástica ou não terá futuro.

 

Com os resultados da 7ª avaliação da troika assistimos à queda de um mito. Para a generalidade dos portugueses tratou-se da gota de água que fez transbordar o copo. Já dificilmente encontro alguém convencido que com a obstinação e a teimosia de Pedro Passos Coelho, Portugal possa fazer face à enorme crise que o assola.   

 

Mas esta sétima avaliação não fez apenas cair o mito do bom governo, já muito frágil e contestado. Fez cair o mito da capacidade técnica e política de Vitor Gaspar, cuja reputação sobreviveu alguns meses ao descalabro governamental.

 

O todo-poderoso Ministro das Finanças falhou em toda a linha. A sua subserviência à agenda alemã de nada lhe valeu no momento da verdade. Não acertou uma previsão, não teve sucesso numa política, falhou para pior todos os resultados e mesmo as bandeiras com que a acena (o controlo da balança comercial e a redução do deficit primário) são puros efeitos colaterais do empobrecimento generalizado do País.

 

Vitor Gaspar é uma personalidade de excelente trato, esforçado e acredito que bem-intencionado. Falta-lhe no entanto a humildade para compreender que o caminho escolhido não é apenas uma opção ideológica. É um passo para o abismo social e económico. Um abismo onde caiu o governo, onde caiu Vitor Gaspar, onde caíram muitos portugueses e onde pode cair Portugal. Foi estrondosa a queda do mito.
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