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Gato Escondido



O Governo marcou as Eleições Autárquicas para o último Domingo de Setembro. Tendo as anteriores eleições decorrido em 11 de Outubro e sendo por tradição Outubro o mês das eleições locais, só uma razão de força política maior pode ter justificado essa marcação, tanto mais que todos os Partidos da oposição queriam Outubro e que face às alterações processuais, quanto mais tempo houver para consolidar o processo eleitoral, mais eficaz e transparente ele poderá ser.

 

Aliás, com estes calendários, as listas terão que ser apresentadas até 5 de Agosto e só poderão ser validadas após acerto dos cadernos eleitorais, o que demonstra bem os trabalhos de Hércules que o Governo parece menosprezar.

 

A razão política maior que fez o governo escolher a data temerária de 29 de Setembro para as eleições autárquicas salta à vista de toda a gente.

 

 O Governo quer que os portugueses votem nas eleições autárquicas sem conhecerem a razia que se prepara para fazer na economia, nas reformas e nos rendimentos com o 0rçamento de Estado para 2014. No entanto, por muito que a Maioria tente ensaiar um jogo de sombras, mesmo em 29 de Setembro o Orçamento de Estado já será um “gato escondido com o rabo de fora” e pelo rabo todos perceberão a raça do bicho!

 

As eleições autárquicas não são legislativas, mas em determinadas circunstâncias não podem deixar de ter uma leitura agregada. Por isso cada eleitor tem desta vez, ao escolher a sua junta de freguesia, a sua assembleia municipal e a sua câmara municipal, uma arma dupla.

 

Pode, para usar um ditado popular, “com uma cajadada matar dois coelhos”, ou seja, escolher a melhor equipa autárquica para o seu Concelho e exigir uma mudança de ciclo político no País, mostrando o seu desafecto à maioria de Governo e aos seus candidatos.

 

Existe neste momento em Portugal uma maioria política burocrática, esgotada, que sobrevive com o oxigénio que lhe vem de Belém, mas em simultâneo na sociedade civil emerge um novo movimento de consenso em torno da opção pelo crescimento e o emprego e pelo combate por uma Europa solidária e liderante à escala global.

 

Um movimento a que o PS tem dado voz desde o primeiro momento mas que vai muito para além da dimensão partidária e atrai cada vez mais os actores sociais que não desistiram, nem perderam o orgulho em Portugal, e estão disposto a lutar por isso. Em 29 de Setembro os portugueses com um só voto podem escolher o melhor para a sua terra e o melhor para o País. Espero que essa data, que entrou no léxico político devido a uma manobra de fuga, fique na história da nossa democracia como um extraordinário momento de viragem.       
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