"O Princípio de Queiroz"
2010/08/20 17:22
| Diário do Sul, Visto do Alentejo
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O famoso “Princípio de Peter” ensina-nos que nas hierarquias tradicionais, baseadas no mérito, as pessoas vão ascendendo em função do seu bom desempenho até estagnarem num ponto em que o desempenho já não justifica a sua ascensão. Claro que este é um princípio teórico, que raramente se aplica em estado puro no mundo real (onde há muitas outras dinâmicas para além do mérito). Ainda bem que assim é como veremos seguidamente.
Levada às últimas consequências, a dinâmica do mérito de desempenho actuando em hierarquias formais faz com que um sistema em equilíbrio não seja um sistema em que todos os elementos estão no seu ponto máximo de competência, mas antes seja um sistema em que todos os elementos atingiram o seu ponto de incompetência.
A constatação deste facto é uma das razões pelas quais nas economias e nas empresas mais dinâmicas se foi perdendo o conceito de carreira, e nas instituições que têm que ser fortemente hierárquicas pela sua natureza, se introduzam cada vez mais factores de adequação às novas funções nos processos de recrutamento, em prejuízo do mérito acumulado em funções anteriores.
E a que propósito abordo eu nesta crónica estes princípios básicos de gestão das organizações e dos seus recursos humanos?
Pelo título os leitores já perceberam onde eu quero chegar. É que cada um é para o que nasce. Carlos Queiroz deve ser um dos melhores treinadores de jovens do mundo. Mostrou nas selecções jovens em Portugal e como adjunto no Manchester United uma capacidade extraordinária de identificar, mentalizar e projectar grandes jogadores para o futebol mundial. A sua produtividade como gerador de talentos é enorme e deve ser reiteradamente reconhecida.
Mas estes factos indiscutíveis garantem que o Professor tem as competências adequadas para lidar com a pressão da liderança em situações de “stress” como são aquelas a que naturalmente são sujeitos os treinadores principais das grandes equipas mundiais de selecção ou de clube? Os factos mostram que não. Exemplos como os do Sporting e do Real Madrid ou das selecções de Portugal e da África do Sul comprovam esta realidade.
O braço de ferro entre a grande maioria dos adeptos do desporto rei em Portugal e o treinador da nossa selecção principal de futebol é um conflito que se não for resolvido com cuidado, poderá continuar a fazer com todos percam prestígio e oportunidades, como aconteceu na desconsolada participação no Mundial 2010.
Queiroz é um excelente treinador e Portugal tem potencial para formar uma excelente selecção de futebol. Mas com a selecção portuguesa Queiroz não atinge a excelência e o contrário é igualmente verdadeiro.
De quem é a culpa? Não é de ninguém … ou antes, é do “Princípio de Queiroz” … um treinador que faz tudo bem excepto quando quer fazer (e o contratam para fazer) coisas que não tem perfil para realizar com o mesmo nível de desempenho que atinge na nobre missão de preparar grandes jogadores para o futebol mundial.
Levada às últimas consequências, a dinâmica do mérito de desempenho actuando em hierarquias formais faz com que um sistema em equilíbrio não seja um sistema em que todos os elementos estão no seu ponto máximo de competência, mas antes seja um sistema em que todos os elementos atingiram o seu ponto de incompetência.
A constatação deste facto é uma das razões pelas quais nas economias e nas empresas mais dinâmicas se foi perdendo o conceito de carreira, e nas instituições que têm que ser fortemente hierárquicas pela sua natureza, se introduzam cada vez mais factores de adequação às novas funções nos processos de recrutamento, em prejuízo do mérito acumulado em funções anteriores.
E a que propósito abordo eu nesta crónica estes princípios básicos de gestão das organizações e dos seus recursos humanos?
Pelo título os leitores já perceberam onde eu quero chegar. É que cada um é para o que nasce. Carlos Queiroz deve ser um dos melhores treinadores de jovens do mundo. Mostrou nas selecções jovens em Portugal e como adjunto no Manchester United uma capacidade extraordinária de identificar, mentalizar e projectar grandes jogadores para o futebol mundial. A sua produtividade como gerador de talentos é enorme e deve ser reiteradamente reconhecida.
Mas estes factos indiscutíveis garantem que o Professor tem as competências adequadas para lidar com a pressão da liderança em situações de “stress” como são aquelas a que naturalmente são sujeitos os treinadores principais das grandes equipas mundiais de selecção ou de clube? Os factos mostram que não. Exemplos como os do Sporting e do Real Madrid ou das selecções de Portugal e da África do Sul comprovam esta realidade.
O braço de ferro entre a grande maioria dos adeptos do desporto rei em Portugal e o treinador da nossa selecção principal de futebol é um conflito que se não for resolvido com cuidado, poderá continuar a fazer com todos percam prestígio e oportunidades, como aconteceu na desconsolada participação no Mundial 2010.
Queiroz é um excelente treinador e Portugal tem potencial para formar uma excelente selecção de futebol. Mas com a selecção portuguesa Queiroz não atinge a excelência e o contrário é igualmente verdadeiro.
De quem é a culpa? Não é de ninguém … ou antes, é do “Princípio de Queiroz” … um treinador que faz tudo bem excepto quando quer fazer (e o contratam para fazer) coisas que não tem perfil para realizar com o mesmo nível de desempenho que atinge na nobre missão de preparar grandes jogadores para o futebol mundial.
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