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Democracia Radical




 

No início da década passada, era Secretário - Geral do Partido Socialista (PS) Ferro Rodrigues, integrei uma equipa de trabalho cujo objetivo foi rever e atualizar as linhas de orientação programática do Partido. Foi uma experiência muito enriquecedora e dela guardei várias recordações, uma das quais me veio à memória no debate que se tem seguido aos nefastos acontecimentos de Paris.

 

A certa altura do debate, o grupo refletiu sobre o que deveria ser o PS enquanto Partido. Claro que nunca se pôs em causa o posicionamento como grande Partido português da esquerda democrática. Mas isso significava o quê? Ser Social-Democrata ou Socialista – Democrático? Estas eram soluções óbvias, mas pouco definidoras. Social – Democrata até um Partido da direita conservadora como o PSD se afirma e o Socialismo Democrático perdeu alguma força como marca diferenciadora após a queda do Muro de Berlim e com o papel residual do Socialismo Científico e Totalitário nos dias de hoje.

 

Na altura, a solução que encontrámos foi definir o PS como um Partido Democrata Radical. Foi uma base de trabalho que acabou por não ficar explicitada de forma direta mas que inspirou todo o nosso trabalho.

 

 O qualificativo de Radical é normalmente visto como pouco positivo, mas depende daquilo a que se aplica. Esquerda ou direita radical por exemplo é normalmente sinónimo de intolerância e maniqueísmo. Mas a democracia não tem limites. Quanto mais radical for melhor. Na minha perspetiva todos os problemas e insuficiências da democracia devem encontrar respostas na própria democracia, cujos princípios são perenes, mas cujas práticas se têm que alterar com a evolução da sociedade.

 

Muito se tem discutido se a Democracia resiste ao terrorismo. A verdade é que o mundo está cheio de regimes autocráticos em que os níveis violência por motivos civilizacionais, étnicos ou territoriais são tão grandes ou mesmo muito superiores ao que se verifica em democracia. E a essa violência tem que se somar a violência dos próprios regimes, incluindo a maior das violências que é a coação da liberdade.

 

Não há respostas fáceis para o momento que estamos a viver, mas na minha perspetiva a resposta tem que ser mais e mais democracia. Democracia mais transparente, mais participada, mais fundada nos valores comuns, mais capaz de tolerar a diferença sem ceder nos princípios, mais autêntica, mais sentida por cada cidadão como a sua matriz de vida em comunidade e como plataforma a partir da qual pode exercer a sua individualidade, incluindo a sua individualidade religiosa.

 

A democracia é o menos mau dos regimes conhecidos. É tempo de a tornar melhor. Forte, adequada a cada quadro civilizacional, intransigente nos princípios, transparente, mobilizadora e participada. Radical.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

   

     

 

 
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