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Hoje (também) é dia da Europa

 Hoje é dia da Europa, porque no tempo em estamos, todos os dias têm que ser sentidos e vividos como dia da Europa se quisermos manter esta parceria de paz e liberdade, que com avanços e recuos, tem vindo a ser construída há mais de sessenta anos, a partir dos escombros da segunda grande guerra mundial e tem permitido que nesse espaço de tempo a guerra não mais tivesse voltado ao território dos países que a foram integrando.

 

O dia da Europa é formalmente assinalado a 9 de maio, tendo por referência o dia em que em 1950, Robert Schuman propôs a criação de uma entidade supranacional através de uma declaração (Declaração Schuman) que constituiu o embrião de todo o processo que nos conduziu até ao que somos hoje. 

 

Embora o nosso quotidiano seja marcado em todas as dimensões pela nossa pertença à União Europeia, a minha perceção é que essa pertença não é vivida pela maioria dos europeus como um projeto político de cidadania democrática e soberania partilhada.

 

Para a maioria dos europeus, serem cidadãos da União é um contexto que avaliam como positivo ou negativo em função do impacto que isso tem nas suas vidas em concreto,sobretudo no curto prazo. Se esta minha intuição estiver certa, em particular neste momento de forte turbulência global, a sobrevivência da União Europeia tem que ser conquistada todos os dias e todos os dias a maioria dos europeus têm que ser convencidos da utilidade que ela tem para eles.

 

A resposta solidária e articulada da União Europeia à pandemia constituiu uma vantagem concreta que valorizou a União perante as suas opiniões públicas. O mesmo aconteceu com a resposta coordenada à invasão da Ucrânia pela Federação Russa. No entanto, como vimos nas recentes eleições presidenciais francesas, os populistas estão de faca afiada para aproveitar os descontentamentos gerados pelas medidas que têm que ser tomadas sob tensão e em contexto de emergência.

 

Dia 9 de maio termina também a primeira etapa da Conferência sobre o Futuro da Europa. As suas conclusões, que foram adotadas na sessão plenária de 29 e 30 de abril, revelam um olhar empenhado e progressista dos cidadãos e das organizações que nela participaram, sobre o futuro da parceria. Muitos referem, e eu não tenho factos para os rebater, que a conferência não teve a capacidade de saltar da “bolha” e chegar com força às pessoas comuns. No entanto, a concretização das propostas aprovadas é fundamental para somar e não diminuir nesta caminhada em que todos somos fundamentais. Porque hoje (também) é dia da Europa.

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