A Ucrânia Connosco
O Conselho Europeu de 23 e 24 de junho decidiu atribuir à Ucrânia e à Moldávia o estatuto de candidatos à adesão à União Europeia. Em particular, o Estatuto concedido à Ucrânia foi objeto de um saudável debate nas opiniões públicas e nas instituições, mas constituiu uma decisão justa e acertada.
Ser candidato a membro da União Europeia é apenas o inicio de um processo. Processo que tem sido para muitos países, longo e burocrático, desesperando os povos e gerando frustrações nos mais entusiastas com a pertença à parceria de paz e prosperidade em que se tem vindo a constituir a União Europeia ao longo de mais de seis décadas.
As circunstâncias geopolíticas alteraram-se. Sem prejuízo de uma exaustiva e competente negociação de todas as componentes da negociação, o processo da Ucrânia e da Moldávia, tal como os processos em curso com a Albânia, Montenegro, República da Macedónia do Norte, Sérvia e o já longevo processo da Turquia, têm que ser maiscéleres, seja qual for a decisão à qual as análises dos dossiers vierem a conduzir.
No caso da Ucrânia, como noutros países vizinhos potencialmente candidatos e que têm sido fundamentais na contenção da invasão Russa, o apoio da União Europeia não rem estado, nem poderia estar condicionado ao processo de potencial admissão desses Países como membros da União num quadro estatutário a definir. Esse apoio de emergência foi despoletado de forma célere e tem que continuar a ser proporcionado de forma consistente e eficaz, em complemento com as sanções aplicadas à Federação invasora.
Todos desejamos que a guerra termine depressa, mas é muito difícil prognosticar quando isso acontecerá. Mais certa é a necessidade e a obrigação política e moral da União Europeia ter uma forte participação na reconstrução da Ucrânia e na recuperação de outros países aliados quando esse momento chegar.
Nessa altura, será de todo o interesse das partes que a Ucrânia e os outros países candidatos se sintam incluídos numa comunidade política europeia de valores e interesses partilhados, que ajudará a estruturar uma recuperação conforme aos princípios e aos valores da União Europeia. A concessão do Estatuto de candidato é um passo de gigante nesse sentido.
A União Europeia não pode regatear esforços, em primeiro lugar na defesa da soberania da Ucrânia e depois no apoio à sua reconstrução. Se esse processo ocorrer num quadro de negociação e convergência de modelos e objetivos estruturantes da comunidade política diferenciada que já somos, todos ganharemos.