O Sentimento Europeu
2017/05/20 09:56
| Diário do Sul, Visto do Alentejo
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A Comissão Europeia através da sua Direção Geral de Comunicação
realizou mais um estudo aprofundado sobre o sentimento dos europeus em relação
à União Europeia (UE), o seu funcionamento e as suas prioridades. O retrato foi
divulgado dois anos antes da realização das próximas eleições para o Parlamento
Europeu e constitui uma ferramenta essencial para compreender o que pensam os
europeus e o que eles esperam de quem os representa e governa nesse plano
supranacional.
O Estudo baseou-se numa sondagem robusta, composta por 27
901 entrevistas pessoais a cidadãos europeus com mais de 15 anos e respeitando
todos os critérios de representatividade (país, género, idade, perfil
socio-económico etc...) realizada em simultâneo nos 28 Países da UE entre 18 de
março e 27 de Março deste ano.
Não é possível neste espaço sintetizar a riqueza e a
diversidade dos dados obtidos. Selecionarei apenas alguns para proporcionar aos
meus leitores (e a mim mesmo) uma ideia do que é hoje o sentimento europeu e
das prioridades que coloca e exige aos que exercem mandatos democráticos em seu
nome.
Para a maioria dos Europeus a instabilidade no designado
mundo muçulmano é a maior ameaça para a União Europeia. Seguem-se o aumento de
poder da Russia e da China, a eleição de Trump e a saída do Reino Unido da
União (Brexit). Os resultados para Portugal seguem o padrão geral, apenas sendo
relevante o menor peso relativo atribuído à potencial ameaça chinesa.
Quando a pertença do seu país à UE, 57% dos europeus
consideram uma coisa boa, 26% acham que não é boa nem má, 14% são contra e os
restantes não sabem. Os números de Portugal seguem a média europeia (54%
consideram bom pertencer) com a nota de que havendo uma melhoria generalizada
no numero dos consideram bom pertencer à UE, a subida em Portugal foi de 7%,
contra 4% na média europeia. Arrisco
considerar que esta subida algo surpreendente da popularidade da UE se fica a
dever ao efeito Trump, acrescido no caso português pela forma como o governo
tem conseguido mitigar alguns dos impactos menos favoráveis da governação
europeia.
Face a estes números, o desafio que a UE tem que
enfrentar e vencer para mobilizar os europeus para o seu projeto é enorme. As cinco
prioridades dos Europeus são o combate ao terrorismo (80% querem que a UE faça
mais do que faz) o combate ao desemprego (78%) a proteção do ambiente (75%) o combate
à evasão fiscal (74%) e a integração dos migrantes (73%). Não é preciso
inventar. Ou a UE faz mais nestes domínios ou perde a confiança da maioria.
Concluo este breve retrato, com um dado muito marcante. Em
média, 84% dos europeus consideram as desigualdades uma questão importante a
resolver no seu País (87% dos portugueses). Numa UE tão dividida a primeira
divisão a combater é a visão entre os incluídos e os excluídos. É esse o sentimento
maioritário dos europeus e como tal deve ser democraticamente respeitado
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