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Diálogo com "Surdos"



 

O diálogo para obtenção de um compromisso de salvação nacional, de acordo com o solicitado pelo Presidente da República falhou.

 

Visto em retrospectiva e sem preconceitos, penso que o PS esteve durante nove reuniões a dialogar com interlocutores que estão em estado de negação em relação à realidade do País.

 

Um estado de negação que faz com que não queiram ouvir, não obstante terem o seu sistema auditivo de plena saúde. Diz o povo que “o pior cego é o que não quer ver”. Não vou usar aqui qualificativos. Direi apenas que os surdos mais surdos são os que não quer ouvir.

 

A base de um compromisso para o crescimento e o emprego não poderia deixar de ser um quadro de entendimento quando aos passos de renegociação do modelo de pagamento da dívida. A partir daí toda a discussão é legítima.

 

Mais ou menos economia verde? Mais inovação ou mais subcontratação. Mais logística ou mais especialização e controlo de nichos? Mais empreendedorismo ou mais alastramento? Mais qualificação conceptual ou mais formação operacional?

 

No entanto sem um quadro de renegociação do pagamento da dívida nada disso faz sentido discutir. O caminho é mais empobrecimento, mais desemprego e menos capacidade de afirmação da economia do País. Essa continua a ser a escolha de Passos Coelho repetida na recente discussão da moção de censura que os Verdes lhe facultaram e colocada no papel pelo discurso tecnocrático e desistente de Maria Luis Albuquerque.

 

O Partido Socialista divulgou a base da sua proposta para a negociação. O PSD também. Agora teremos um debate acicatado sobre se a falta de ambição do PSD se justifica ou se a visão afirmativa do PS é sustentada.

 

É uma falsa discussão se nos esquecermos da premissa. Queremos como Gaspar quis até reconhecer o erro, continuar a ser replicadores da troika e a aplicar as suas receitas de asfixia da economia e erosão social ou temos a coragem de nos afirmarmos como País soberano que quer pagar os seus compromissos, mas quer ao mesmo tempo condições para que isso seja possível?

 

Renegociação das condições de pagamento da dívida. Peço aos meus leitores que fixem bem esta ideia. Quem vos prometer soluções sem este pressuposto é porque ignora ou quer ignorar a situação económica e financeira em que estamos, ou pior que isso, já se resignou à tragédia económica e social que se anuncia.

 

Eu não me resigno e tenho orgulho de pertencer a um Partido que também não se resigna. Nós acreditamos em Portugal e nos portugueses. Não desistimos. Não atiramos a toalha ao chão. Não nos conseguimos entender com quem já o fez.

 

 

 

 

 

 

 

           
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