A lenda de Nossa Senhora de Entreáguas
2008/08/18 16:00
| Diário do Sul, Visto do Alentejo
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Faz parte do sentido da vida a procura da verdade. Cada civilização, cada tempo e cada homem define um caminho para essa procura. Para alguns a verdade é Deus e a Ele entregam a vida, em reflexão ou acção. Para outros Deus é a verdade e por isso fazem da existência a celebração da aprendizagem e do aperfeiçoamento pessoal e da sociedade em que vivem.
Continuam a viver entre nós muitos eremitas. O povoamento acrescido e a intrusão facilitada pelos novos meios de deslocação, fazem com que os eremitas modernos se tenham que refugiar muitas vezes no meio das multidões. Não era assim em tempos idos. Os eremitas partiam para os ermos com uma imagem da senhora da sua devoção e por lá ficavam trocando energia com o além.
Consta que pelos finais do século XVI apareceu numa língua de terra entre o mar que na altura trepava até ás entranhas do Concelho de Ovar e a ria de Aveiro uma imagem de Nossa Senhora das Candeias, que tudo fazia querer, teria sido companheira de oração dum eremita medievo. Levada a imagem para a igreja da paróquia, vezes sem fim conta a lenda que ela se esfumava e reaparecia no ponto em que tinha sido encontrada. Ergueram por isso nesse local os contemporâneos uma capela, que foi sendo adaptada aos tempos e permanece hoje como local de peregrinação, oração e romaria.
Os leitores habituais destas crónicas sabem que em tempos de estio, menos pressionado pela actualidade, gosto de me aventurar por reflexões menos ortodoxas. Por deixar fluir o espírito e permitir que a emoção tome conta das palavras. Só isso justifica que vos fale hoje de Nossa Senhora de Entráguas, do meu interesse por aquele lugar e dum possível significado para o seu magnetismo e para o magnetismo de todos os sítios onde o homem despojado se dirige ao universo e com ele comunga.
Os escaparates pululam de livros de auto-ajuda. Em última análise todos esses livros, mais ou menos efabulados, procuram ensinar a dirigir a nossa energia para focos positivos e estabelecer correntes de realização e auto motivação.
Nos Ermitérios e outros locais de culto, durante anos, décadas ou séculos, espíritos em transe puxaram energia para os iluminar na sua busca. Por isso são sítios onde os mais sensíveis experimentam a sensação da levitação, mesmo que os pés permaneçam bem colados ao chão. É essa força que deu aquela pontinha de verosimilhança que torna possível a lenda de Nossa Senhora de Entráguas e tantas outras similares que existem pelo mundo.
É essa força que nos desafia no quotidiano e que só o tempo de férias nos liberta para fruir. A cidade é cada vez mais um local de alienação e a natureza o espaço de reencontro. As novas dinâmicas do turismo são a prova de que os povos começam a sentir cada vez mais a necessidade de energia espiritual. Ela vai ser tanto mais necessária, quanto a outra, vai ser cada vez mais escassa, cara e insuficiente para nos deslumbrar.
Continuam a viver entre nós muitos eremitas. O povoamento acrescido e a intrusão facilitada pelos novos meios de deslocação, fazem com que os eremitas modernos se tenham que refugiar muitas vezes no meio das multidões. Não era assim em tempos idos. Os eremitas partiam para os ermos com uma imagem da senhora da sua devoção e por lá ficavam trocando energia com o além.
Consta que pelos finais do século XVI apareceu numa língua de terra entre o mar que na altura trepava até ás entranhas do Concelho de Ovar e a ria de Aveiro uma imagem de Nossa Senhora das Candeias, que tudo fazia querer, teria sido companheira de oração dum eremita medievo. Levada a imagem para a igreja da paróquia, vezes sem fim conta a lenda que ela se esfumava e reaparecia no ponto em que tinha sido encontrada. Ergueram por isso nesse local os contemporâneos uma capela, que foi sendo adaptada aos tempos e permanece hoje como local de peregrinação, oração e romaria.
Os leitores habituais destas crónicas sabem que em tempos de estio, menos pressionado pela actualidade, gosto de me aventurar por reflexões menos ortodoxas. Por deixar fluir o espírito e permitir que a emoção tome conta das palavras. Só isso justifica que vos fale hoje de Nossa Senhora de Entráguas, do meu interesse por aquele lugar e dum possível significado para o seu magnetismo e para o magnetismo de todos os sítios onde o homem despojado se dirige ao universo e com ele comunga.
Os escaparates pululam de livros de auto-ajuda. Em última análise todos esses livros, mais ou menos efabulados, procuram ensinar a dirigir a nossa energia para focos positivos e estabelecer correntes de realização e auto motivação.
Nos Ermitérios e outros locais de culto, durante anos, décadas ou séculos, espíritos em transe puxaram energia para os iluminar na sua busca. Por isso são sítios onde os mais sensíveis experimentam a sensação da levitação, mesmo que os pés permaneçam bem colados ao chão. É essa força que deu aquela pontinha de verosimilhança que torna possível a lenda de Nossa Senhora de Entráguas e tantas outras similares que existem pelo mundo.
É essa força que nos desafia no quotidiano e que só o tempo de férias nos liberta para fruir. A cidade é cada vez mais um local de alienação e a natureza o espaço de reencontro. As novas dinâmicas do turismo são a prova de que os povos começam a sentir cada vez mais a necessidade de energia espiritual. Ela vai ser tanto mais necessária, quanto a outra, vai ser cada vez mais escassa, cara e insuficiente para nos deslumbrar.
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