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Cifrão ou Coração




 

Em todos os Países sujeitos à receita punitiva da austeridade tem crescido um sentimento patriótico de recusa. Em Portugal tem sido o PS a agregar essa vontade de mudança. Importa que em Inglaterra os Trabalhistas e em Espanha o PSOE (Partido Socialista Obrero Espanhol) consigam o mesmo. O fracasso do PASOK na Grécia não é um anátema. É uma lição. 

 

O resultado eleitoral na Grécia e o processo negocial que se seguiu continua a estar na ordem do dia. Para mim é clara a opção entre as duas “teorias” prevalecentes. Entre o acentuar, dito preventivo, da punição aos gregos, ou o despoletar sereno do “mea culpa” das lideranças da Eurozona, o segundo caminho é o mais saudável e prometedor.

 

Se os Gregos votaram numa maioria radical populista não devem ser castigados por isso. Em democracia, as maiorias têm a razão que decorre do mandato que obtiveram e só a perdem se deixarem de agir democraticamente. São as Instituições Europeias que têm que refletir sobre as razões que levaram a um voto massivo de protesto na Grécia e arrepiar caminho, para que esta dinâmica não se multiplique.

 

Dos muitos argumentos que os situacionistas têm desenvolvido contra o novo Governo Grego, há um particularmente curioso. O argumento de que o Governo Grego é jovem, inexperiente e desconhecedor da “linguagem” europeia. Pois ainda bem que o é! O que temem dos novos Governos é que tenham uma visão própria e não se acomodem ao “consenso” tecnocrata que tem conduzido a Europa a uma decadência relativa brutal.

 

 A maior qualidade do novo Governo Grego é a sua inexperiência. Lamento o sentido populista dalgumas das suas medidas e a coligação com os radicais de direita, mas gosto da visão fresca e transformadora com que desafiaram o destino.

 

A Europa precisa de pioneiros com vontade de arriscar. De governantes com um brilho nos olhos. Um brilho que jamais perscrutei nos governos de direita que nos conduziram à margem do precipício. Gente fria, cinzenta, metálica, impenetrável ao sofrimento alheio, fizeram do bloco europeu o que mais se ajoelhou à crise global despoletada pelo “sub-prime”. Gente experiente, é certo. Tão experiente, que as experiências fraudulentas dos impérios financeiros e da fuga fiscal generalizada se repetiram como as badaladas de um sino por todos os territórios por eles governados.

 

 Gente experiente mas formatada pelo cifrão e não pelo coração. Para gente desta, antes os inexperientes e sonhadores. Precisamos na União Europeia de um recomeço ético e moral. De um “reset” como diriam os mais habituados a ligar com os computadores, para incluir novos valores e atualizar as práticas estratégicas e operativas.

 

      

 

 

 

 

 

 

 

 
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