Chanceler Queiroz
2010/07/01 23:15
| Diário do Sul, Visto do Alentejo
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Quem joga a medo nem sempre perde, mas quando isso acontece a derrota é sempre mais amarga, sensaborona e despojada de glória. Foi assim que Portugal jogou o Mundial de Futebol na África do Sul e foi assim que dele foi afastado sem rasgo e com um travo frustrante de desalento burocrático e conformismo administrativo.
Mas a eliminação de Portugal são águas passadas. Somos o que somos. Uma das 16 melhores selecções do mundo e que poderia ser uma das quatro melhores se não fosse o velho fado das desconformidades de atitude que nos perdem na bola e em tantas outras coisas.
O que me preocupa agora não é que Portugal tenha jogado á Queiroz. Jogou, está jogado. O que me preocupa, e me leva a escrever esta crónica, é que a Alemanha (não a selecção de futebol daquele País, que até ao momento em que escrevo este texto jogou sempre no risco e até lhe viu sorrir a sorte no célebre golo anulado a Inglaterra com a bola meio metro dentro da linha de meta) esteja a jogar o jogo político e económico da globalização e da liderança da União Europeia com uma táctica á Queiroz, cheia de medos burocráticos e administrativos e coleccionando derrotas sobre derrotas na cena internacional, arrastando com ela o projecto europeu e o destino de mais de 500 milhões de cidadãos de 27 países, empenhados no aprofundamento duma comunidade de paz e desenvolvimento económico e social.
A Chanceler Alemã tem a mesma escola do Professor. Perante a crise grega jogou à defesa, perdeu as eleições internas e falhou o controlo do sistema financeiro europeu sujeitando-o a uma pressão inusitada.
Aparentemente empatou zero a zero na disputa pelo poder na Renânia – Vestefália, mas partiu mais frágil para o novo jogo, e embora tenha goleado uma vez por outra economias mais frágeis, expôs-se de tal forma que não passou a eliminatória da reunião do G20 e acabou a perder em casa com a rocambolesca história da eleição presidencial.
Tal como o insucesso de Queiroz me entristece, também as más escolhas alemãs não me alegram. Recordo-me bem do tempo das lideranças fortes do eixo franco-alemão em que o sucesso e a dinâmica germânica eram um elixir para toda a Europa.
O Euro é aliás um exemplo feliz duma jogada de ataque aberto que resultou em múltiplos golos e está na origem dos contra-ataques económicos cujas sequelas ainda vivemos, e que seriam normais no jogo jogado se não fosse o recuo excessivo da defesa financeira europeia a permitir sucessivamente ressaltos e tabelas favoráveis ao adversário.
Ver Obama liderar a recuperação da economia global em parceria com a China e o Brasil, por não dispor duma Europa disposta a jogar ao ataque e a ser parte da solução é um murro no estômago difícil de suportar.
Não há “Eduardo” que nos valha se ficarmos na retranca e à espera dos pontapés de grande penalidade. A “chanceler” devia desempatar já. Se o não fizer perde ela e perdemos todos, sem honra nem glória, burocrática e administrativamente, como perdeu Queiroz.
Mas a eliminação de Portugal são águas passadas. Somos o que somos. Uma das 16 melhores selecções do mundo e que poderia ser uma das quatro melhores se não fosse o velho fado das desconformidades de atitude que nos perdem na bola e em tantas outras coisas.
O que me preocupa agora não é que Portugal tenha jogado á Queiroz. Jogou, está jogado. O que me preocupa, e me leva a escrever esta crónica, é que a Alemanha (não a selecção de futebol daquele País, que até ao momento em que escrevo este texto jogou sempre no risco e até lhe viu sorrir a sorte no célebre golo anulado a Inglaterra com a bola meio metro dentro da linha de meta) esteja a jogar o jogo político e económico da globalização e da liderança da União Europeia com uma táctica á Queiroz, cheia de medos burocráticos e administrativos e coleccionando derrotas sobre derrotas na cena internacional, arrastando com ela o projecto europeu e o destino de mais de 500 milhões de cidadãos de 27 países, empenhados no aprofundamento duma comunidade de paz e desenvolvimento económico e social.
A Chanceler Alemã tem a mesma escola do Professor. Perante a crise grega jogou à defesa, perdeu as eleições internas e falhou o controlo do sistema financeiro europeu sujeitando-o a uma pressão inusitada.
Aparentemente empatou zero a zero na disputa pelo poder na Renânia – Vestefália, mas partiu mais frágil para o novo jogo, e embora tenha goleado uma vez por outra economias mais frágeis, expôs-se de tal forma que não passou a eliminatória da reunião do G20 e acabou a perder em casa com a rocambolesca história da eleição presidencial.
Tal como o insucesso de Queiroz me entristece, também as más escolhas alemãs não me alegram. Recordo-me bem do tempo das lideranças fortes do eixo franco-alemão em que o sucesso e a dinâmica germânica eram um elixir para toda a Europa.
O Euro é aliás um exemplo feliz duma jogada de ataque aberto que resultou em múltiplos golos e está na origem dos contra-ataques económicos cujas sequelas ainda vivemos, e que seriam normais no jogo jogado se não fosse o recuo excessivo da defesa financeira europeia a permitir sucessivamente ressaltos e tabelas favoráveis ao adversário.
Ver Obama liderar a recuperação da economia global em parceria com a China e o Brasil, por não dispor duma Europa disposta a jogar ao ataque e a ser parte da solução é um murro no estômago difícil de suportar.
Não há “Eduardo” que nos valha se ficarmos na retranca e à espera dos pontapés de grande penalidade. A “chanceler” devia desempatar já. Se o não fizer perde ela e perdemos todos, sem honra nem glória, burocrática e administrativamente, como perdeu Queiroz.
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