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Conectados (Mas Pobres)



Era um princípio de noite numa estrada de trânsito caótico numa das saídas de Nairobi (Capital do Quénia). De repente os meus olhos pousaram numa carrinha de nove lugares que avançava lentamente, aos tropeções, lado a lado com o autocarro um pouco maior em que eu seguia com uma delegação de Eurodeputados em visita oficial àquele País do corno de África.

Dentro da pequena carrinha parecia-me ver mais gente do que a que supostamente era a sua lotação. Algo normal naquelas paragens. Mas desta vez a minha perceção pôde ser verificada mesmo no escuro da noite. É que na carrinha, pela minha contagem, seguiam pelo menos 13 telemóveis com os visores ligados, o que significa que estariam 14 pessoas na carrinha, exceto se alguém além do motorista não fosse ao telemóvel ou se algum passageiro estivesse a usar dois em simultâneo.

Ao longo dos dias que estive em Nairobi apercebi-me que numa cidade dinâmica e com grandes diferenças sociais, havia uma coisa que unia toda a gente; o telemóvel. Todas ou quase todas as pessoas que passavam por mim, mesmo alguns com roupas velhas e rasgadas e ar esquálido, tinham consigo o seu telemóvel.

Os anúncios nos enormes cartazes citadinos, nas pinturas dos autocarros ou nos separadores das estradas eram em larga medida focados nos equipamentos moveis, nos sistemas de acesso à banda larga ou novas aplicações para o seu uso, designadamente para pagamentos eletrónicos, acesso a contas bancárias ou a entretenimento variado.

Numa população global de cerca de 45 milhões de pessoas, estudos recentes apontam para que 20 milhões de quenianos acedam regularmente à internet através do Telemóvel. Programas de expansão para o acesso das populações rurais estão na primeira linha das prioridades do governo.

Não obstante a explosão digital, o Quénia é um país pobre. Mais de metade da população em idade adulta acede à internet ao mesmo tempo que também mais de metade da população vive abaixo da linha de pobreza. Não serão os mesmos, mas em parte coincidirão.  O país é o 128º no índice de desenvolvimento Humano da ONU.

Como cidadão empenhado no desenvolvimento duma sociedade digital inclusiva e agora relator da iniciativa europeia que visa tornar o acesso à Internet universal, o que vi no Quénia reforçou ainda mais a minha ideia de que aceder à rede é importante, mas o decisivo é o conhecimento com que se acede e os serviços disponíveis.

A conexão é uma nova plataforma para a sociedade e a economia do século XXI.  Um ponto de partida e não um ponto de chegada. Um novo desafio para as políticas públicas progressistas no século XXI.



                                                                                                           
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