Visto de Fora (O Coro Misto dos Velhos do Restelo)
2009/09/14 12:02
| Diário do Sul, Visto do Alentejo
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Mesmo nos momentos de combate mais intenso como aquele que vivemos hoje na política portuguesa, é estimulante ter a oportunidade de algum distanciamento e de partilhar perspectivas com olhares menos envolvidos no quotidiano do debate, sobretudo quando esse debate rasteja no jogo sujo da insinuação e da maledicência.
Por convite da organização tive o gasto prazer de participar no final de Agosto no Fórum Estratégico de Bled (Eslovénia), um espaço de referência (e uma terra calma, acolhedora e com paisagens de sonho) onde anualmente se juntam líderes políticos e económicos de todo o mundo para discutir os temas da actualidade. Este ano a discussão centrou-se na “política da crise económica e na redefinição de cenários económicos e geopolíticos para a Europa e a Eurásia”.
Para além dos profundos debates que aí ocorreram, foi particularmente gratificante para mim receber de muitos participantes genuínas felicitações pelo trabalho de Portugal no plano da política internacional, pela sua surpreendente resposta à crise e por ter sido um dos primeiros Países da OCDE a sair da recessão.
Muitos comentários positivos foram feitos também a projectos portugueses hoje internacionalmente reconhecidos, designadamente à nossa aposta nas energias renováveis e ao revolucionário programa de proporcionar aos professores e os alunos um computador portátil com acesso à internet, a preço reduzido.
Duas intervenções foram para mim particularmente marcantes. O Ministro dos Negócios Estrangeiros da Turquia sublinhou que as condições para a paz e o progresso são a tolerância e a convivência entre culturas e a interdependência e a cooperação entre as economias. Em complemento o Presidente Esloveno referiu que essa interdependência, em particular no que diz respeito à energia, é tão importante para a Europa civilizada do século XXI como o foi a questão da rota da seda e das especiarias no século XVI.
No século XV e XVI Portugal, mesmo com a ladainha dos velhos do Restelo como música de fundo, teve um papel fundamental na emergência duma nova economia de troca, promotora do desenvolvimento científico, económico e social.
No século XXI, o coro dos velhos do Restelo permanece activo e com repertório renovado (hoje com o progresso da igualdade de género é um coro misto e com importantes vozes femininas) mas Portugal está de novo na rota das descobertas, dando novos mundos aos mundos, cruzando culturas e saberes e deixando marcas muito superiores ao seu peso demográfico, político e económico.
Num mundo multipolar os pequenos Países têm um papel acrescido de moderação e agregação. A Eslovénia desenvolve um trabalho promissor de ligação entre a UE, os Países dos Balcãs que ainda não a integram e os Países que integram o cinto de separação com a Rússia e agonizam entre os dois pólos de atracção. Portugal faz o mesmo nas ligações da UE a África e à América Latina entre outras linhas de política externa. Tudo isto se faz com credibilidade e ambição interna e externa. Querem os portugueses voltar a fechar-se sobre si próprios como tanta vezes fizeram na história com tristes resultados? Visto de fora esse cenário ainda me pareceu menos desejável!
Por convite da organização tive o gasto prazer de participar no final de Agosto no Fórum Estratégico de Bled (Eslovénia), um espaço de referência (e uma terra calma, acolhedora e com paisagens de sonho) onde anualmente se juntam líderes políticos e económicos de todo o mundo para discutir os temas da actualidade. Este ano a discussão centrou-se na “política da crise económica e na redefinição de cenários económicos e geopolíticos para a Europa e a Eurásia”.
Para além dos profundos debates que aí ocorreram, foi particularmente gratificante para mim receber de muitos participantes genuínas felicitações pelo trabalho de Portugal no plano da política internacional, pela sua surpreendente resposta à crise e por ter sido um dos primeiros Países da OCDE a sair da recessão.
Muitos comentários positivos foram feitos também a projectos portugueses hoje internacionalmente reconhecidos, designadamente à nossa aposta nas energias renováveis e ao revolucionário programa de proporcionar aos professores e os alunos um computador portátil com acesso à internet, a preço reduzido.
Duas intervenções foram para mim particularmente marcantes. O Ministro dos Negócios Estrangeiros da Turquia sublinhou que as condições para a paz e o progresso são a tolerância e a convivência entre culturas e a interdependência e a cooperação entre as economias. Em complemento o Presidente Esloveno referiu que essa interdependência, em particular no que diz respeito à energia, é tão importante para a Europa civilizada do século XXI como o foi a questão da rota da seda e das especiarias no século XVI.
No século XV e XVI Portugal, mesmo com a ladainha dos velhos do Restelo como música de fundo, teve um papel fundamental na emergência duma nova economia de troca, promotora do desenvolvimento científico, económico e social.
No século XXI, o coro dos velhos do Restelo permanece activo e com repertório renovado (hoje com o progresso da igualdade de género é um coro misto e com importantes vozes femininas) mas Portugal está de novo na rota das descobertas, dando novos mundos aos mundos, cruzando culturas e saberes e deixando marcas muito superiores ao seu peso demográfico, político e económico.
Num mundo multipolar os pequenos Países têm um papel acrescido de moderação e agregação. A Eslovénia desenvolve um trabalho promissor de ligação entre a UE, os Países dos Balcãs que ainda não a integram e os Países que integram o cinto de separação com a Rússia e agonizam entre os dois pólos de atracção. Portugal faz o mesmo nas ligações da UE a África e à América Latina entre outras linhas de política externa. Tudo isto se faz com credibilidade e ambição interna e externa. Querem os portugueses voltar a fechar-se sobre si próprios como tanta vezes fizeram na história com tristes resultados? Visto de fora esse cenário ainda me pareceu menos desejável!
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