Zombies (Estratégias Universitárias de Cooperação)
2015/01/10 16:08
| Diário do Sul, Visto do Alentejo
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Com a presença de Pedro Passos Coelho (PPC), que na ocasião aproveitou
para com nada se comprometer como já vem sendo habitual, as Universidades do
Porto, do Minho e de Trás-os-Montes criaram um consórcio universitário a que
chamaram UNorte.pt. Depois da fusão bem sucedida da Universidade Técnica e da
Universidade Clássica de Lisboa sob a batuta determinada de Sampaio da Nóvoa e
António Rendas, este é o mais importante sinal de responsabilidade e de
proactividade do nosso sistema universitário público, face aos desafios de
escala e de financiamento que enfrenta.
Perante a importância e o significado do momento, o discurso do PPC
pareceu um discurso de Zombie. No entanto houve um momento relevante. Não
aquele momento mesquinho em que voltou a dizer que só investiria na nova grande
Universidade do Norte se as circunstâncias o permitissem, sem perceber que é ao
contrário, e que é o investimento no conhecimento que gera capacidade
competitiva e recursos, mas o momento em que desafiou os outros Reitores
presentes para seguirem o exemplo.
Lisboa já se agrupou, o Norte também e o Centro vai a caminho. A
pergunta que faz sentido nesta coluna “sulista” é o que vai acontecer com as
Universidades do Sul? Em primeiro lugar, deve questionar-se se faz sentido ou
não separar as Universidades dos Politécnicos? Se assim for resta pouco por
onde escolher. Universidade de Évora e Universidade do Algarve com uma eventual
parceria com a Nova de Lisboa, deverão avançar depressa para a USul.pt.
Sem certezas, até porque nos últimos anos tenho estado mais afastado do
terreno concreto do mundo universitário, penso no entanto que em zonas com
menos massa crítica, não deve ser excluída a hipótese de fazer redes mistas,
integrando universidades e politécnicos. Neste caso a geometria pode ser muito
variável. Uma ligação de Portalegre ao Sistema do Centro, com as Universidades
e os Politécnicos de Castelo Branco e da Guarda poderia fazer algum sentido. Da
mesma forma é conhecida a atração de Beja por uma ligação preferencial ao
Algarve, tendo em conta a histórica conflitualidade com a “Praça do Giraldo”.
A pergunta que resta é o que fazer com a Universidade de Évora. Afirmá-la
internacionalmente como um Pólo das Universidades Europeias Património Mundial
faz todo o sentido mas não chega.
Para mim, e apenas caso Portalegre e Beja não queiram integrar uma
parceria preferencial com Évora, o que não deve ser dramatizado, o triângulo
vencedor seria uma Associação com Setúbal para a dimensão tecnológica, com
Santarém para as ciências da terra e com a Universidade Nova para as ciências
económicas e sociais.
Sei que esta proposta dará discussão e terá muitas fragilidades.
Confesso que a faço de forma intuitiva. Aceito por isso e peço mesmo todos os
contributos críticos.
Só quero lançar o debate. Essa é
a forma de servir a minha Universidade, a minha região e o meu País. Zombies, a
assistir por passividade ou medo ao avanço dos outros, não chegaremos a lado
nenhum. Um bom debate pode-nos ajudar a encontrar um bom porto.
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