O Regresso Neoliberal (será que não aprendemos nada?)
2010/01/29 23:24
| Diário do Sul, Visto do Alentejo
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A humanidade já diversas vezes deu mostras de pouca memória e de incapacidade para aprender com os seus próprios erros. São muito preocupantes os sinais de debilidade de convicções que têm permitido o regresso das lógicas e das dinâmicas que conduziram ao colapso económico em de que ainda não nos conseguimos verdadeiramente libertar.
Depois de ter sido conduzido à beira do abismo pelas análises nominais e estritamente financeiras das agências de notação (as famosas agências de “rating”) o sistema económico mundial está de novo sob o seu escrutínio e ao que tudo indica sujeito às mesmas ferramentas e mecanismos de análise que não anteciparam o risco sistémico nem o souberam minimizar.
A pressão feita pelas agências de notação sobre o orçamento português, subitamente colocado no centro do ringue pelas contingências do calendário, é um excelente exemplo deste regresso descarado da agenda neoliberal.
Infelizmente uma economia aberta como a portuguesa não pode ignorar a opinião de instituições que condicionam as taxas de juro cobradas á República e em consequência a todos os agentes económicos e às famílias, mas custa muito aceitar que o mundo tenha aprendido tão pouco com o que lhe sucedeu no final da primeira década do século XXI.
A avaliação da solidez das contas das diversas economias por parte de agências independentes é uma componente necessária para o funcionamento global dos mercados. O que a crise recente mostrou é que essa solidez não pode ser medida apenas pelos indicadores financeiros tradicionais.
A robustez social e a estrutura da economia real são as alavancas essenciais da credibilidade e da confiança a médio prazo. No entanto as agências de notação insistem em olhar para as décimas independentemente do que elas significam. Exigem de forma reiterada reduções na despesa sem olhar à qualidade ou à selectividade com que são feitas essas reduções. Só assim se explica que tenham lançado os seus veredictos sobre o orçamento português alguns minutos depois da sua apresentação. Só lhes interessa a contabilidade mesmo que isso prejudique gravemente a realidade.
O regresso do paradigma Neoliberal é uma ameaça e uma oportunidade. Aproximam-se tempos de combate político desafiante no plano das ideias e dos modelos de futuro. Será a Europa capaz de resistir aos cantos de sereia dos velhos oráculos e aproveitar a sua vantagem competitiva na promoção duma economia sustentável, focada nas pessoas, nas comunidades e na criação de condições de bem-estar e respeito pelo meio ambiente?
A resposta está a chegar. O Conselho Europeu informal de 11 de Fevereiro que traçará as orientações para a Estratégia de Lisboa 2010-2020, agora designada EU 2020 dará sinais determinantes sobre a ambição ou a submissão da UE aos ditames do pensamento único recauchutado.
Nenhum combate, por mais difícil que seja, está perdido antes de ser travado. Em nome da memória e da inteligência, não podemos cair de novo na mesma armadilha! Quem vence o Adamastor só por loucura volta a trás para o desafiar de novo.
Depois de ter sido conduzido à beira do abismo pelas análises nominais e estritamente financeiras das agências de notação (as famosas agências de “rating”) o sistema económico mundial está de novo sob o seu escrutínio e ao que tudo indica sujeito às mesmas ferramentas e mecanismos de análise que não anteciparam o risco sistémico nem o souberam minimizar.
A pressão feita pelas agências de notação sobre o orçamento português, subitamente colocado no centro do ringue pelas contingências do calendário, é um excelente exemplo deste regresso descarado da agenda neoliberal.
Infelizmente uma economia aberta como a portuguesa não pode ignorar a opinião de instituições que condicionam as taxas de juro cobradas á República e em consequência a todos os agentes económicos e às famílias, mas custa muito aceitar que o mundo tenha aprendido tão pouco com o que lhe sucedeu no final da primeira década do século XXI.
A avaliação da solidez das contas das diversas economias por parte de agências independentes é uma componente necessária para o funcionamento global dos mercados. O que a crise recente mostrou é que essa solidez não pode ser medida apenas pelos indicadores financeiros tradicionais.
A robustez social e a estrutura da economia real são as alavancas essenciais da credibilidade e da confiança a médio prazo. No entanto as agências de notação insistem em olhar para as décimas independentemente do que elas significam. Exigem de forma reiterada reduções na despesa sem olhar à qualidade ou à selectividade com que são feitas essas reduções. Só assim se explica que tenham lançado os seus veredictos sobre o orçamento português alguns minutos depois da sua apresentação. Só lhes interessa a contabilidade mesmo que isso prejudique gravemente a realidade.
O regresso do paradigma Neoliberal é uma ameaça e uma oportunidade. Aproximam-se tempos de combate político desafiante no plano das ideias e dos modelos de futuro. Será a Europa capaz de resistir aos cantos de sereia dos velhos oráculos e aproveitar a sua vantagem competitiva na promoção duma economia sustentável, focada nas pessoas, nas comunidades e na criação de condições de bem-estar e respeito pelo meio ambiente?
A resposta está a chegar. O Conselho Europeu informal de 11 de Fevereiro que traçará as orientações para a Estratégia de Lisboa 2010-2020, agora designada EU 2020 dará sinais determinantes sobre a ambição ou a submissão da UE aos ditames do pensamento único recauchutado.
Nenhum combate, por mais difícil que seja, está perdido antes de ser travado. Em nome da memória e da inteligência, não podemos cair de novo na mesma armadilha! Quem vence o Adamastor só por loucura volta a trás para o desafiar de novo.
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