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O Apagão de Manuela


A minha imagem de Manuela Ferreira Leite, construída ao longo de anos de alguma proximidade nos trabalhos da Assembleia da República e numa disputa eleitoral em que fomos adversários, (nas legislativas de 1995 pelo Círculo Eleitoral de Évora), é a de uma mulher séria, sem grandes rasgos, profundamente conservadora mas relativamente sólida no domínio económico em que é especialista.

Essa imagem de solidez e preparação económica que tinha de Manuela Ferreira Leite fez com que algumas das posições que tem vindo a assumir no plano técnico e político me tenham deixado ainda mais profunda e negativamente surpreendido.

Sei que o discurso político tende a divergir no tom e na substância do discurso técnico, mas não pode ignora-lo nem contradizê-lo, sob pena de descredibilizar a acção política e a confiança dos cidadãos nos seus representantes e governantes.

O tacticismo populista não se recomenda a nenhum agente político, mas é mais marcante quando contamina protagonistas que não têm essa prática como sua imagem de marca e que desenvolveram um projecto pessoal de vida longe desses parâmetros de actuação.

Neste contexto, como é possível que Manuela Ferreira Leite, líder de um partido europeísta e tendencialmente cosmopolita, adopte no seu discurso de campanha um proteccionismo acirrado e um nacionalismo fora de tempo?

Como pode ela diabolizar um investimento gerador de riqueza e emprego como a Alta-Velocidade Lisboa – Madrid, com o argumento simplista de que sendo transfronteiriço também favorece os espanhóis. Não é a interdependência e o mútuo benefício o cerne do projecto europeu em que participamos hoje de pleno direito?

A pressão eleitoral gerou um apagão de bom senso e coerência no discurso económico de Manuela Ferreira Leite. Com sentido de responsabilidade democrática espero que se lhe faça luz quanto antes, seja ela para a iluminar na oposição construtiva, seja para a dotar de mais condições para partilhar uma solução de poder.
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