A Grande Muralha Verde
A grande muralha verde é um projeto âncora liderado pela União Africana para combater os efeitos da mudança climática e da desertificação, e que visa recuperar terras degradadas e promover a reflorestação e o desenvolvimento sustentável ao longo de um corredor de 8000 Km através do Saara e do Sahel, envolvendo 11 países.
O agravamento da seca e das tensões e conflitos políticos e militares em alguns dos Países envolvidos têm dificultado o avanço da muralha para a paz e o desenvolvimento. Estes fatores de risco tornam, no entanto, o projeto ainda mais importante para o futuro da região, do Continente e do mundo.
Integrado numa recente missão da Comissão de Desenvolvimento do Parlamento Europeu ao Senegal tive a oportunidade de visitar algumas iniciativas incluídas na “construção” da Grande Muralha e que contam com o apoio financeiro da União Europeia(UE).
Só a dimensão humanitária e de solidariedade com populações gravemente afetadas pela falta de água, pela falta de oportunidades, pela poluição e pelos riscos de violência, seria suficiente para me deixar orgulhoso do contributo europeu para o projeto. O seu impacto concreto vai, no entanto, muito para além disso.
Nas comunidades com que interagi notei uma notável combinação entre a experiência dos mais velhos e a inclusão de jovens qualificados na transformação das práticas agrícolas e económicas, de forma a criar condições de valorização e preservação da floresta existente e de promoção da reflorestação, como opções atrativas para melhorar a qualidade de vida e as condições de fixação das populações.
Num momento em face às pressões migratórias, há quem pela UE e por Portugal não se coíba de propor a construção de muros que impeçam os refugiados da guerra, da seca ou da desesperança de procurarem a esperança na Europa, a grande muralha verde é uma resposta humanista poderosa.
Na UE temos que saber acolher quem nos procura em desespero e precaver essa procura, ajudando a que as populações do grande continente africano, em particular a sua imensa juventude, encontrem razões para se realizarem e fixarem nas suas terras e aí viverem de forma sustentável e digna.
Devido aos muitos conflitos que têm emergido no Corno de Africa e no Sahel, a muralha verde não é um projeto fácil de concretizar, mas é fundamental para promover o diálogo e a cooperação entre os povos e o desenvolvimento sustentável de África, em particular das suas zonas em maior risco de seca extrema, violência e pobreza.