Ir a Jogo (e ganhar)
2011/02/18 19:33
| Diário do Sul, Visto do Alentejo
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No final dum ciclo de audições sobre inovação que decorreu em todo o País (Iniciativa Inovação Portugal), o Professor Daniel Bessa que representava a COTEC, afirmou que tinha estado com forte empenhamento em toda a iniciativa sabendo que se tratava dum “jogo” em podia ganhar ou perder, ou seja, sabendo que as conclusões mais fortes dessas audições poderiam ser ou não concretizáveis no curto prazo, dados os múltiplos constrangimentos financeiros e políticos do momento. Gostei da franqueza com que Daniel Bessa colocou a questão e a partir dela reflecti um pouco mais sobre as atitudes e sobre as cambiantes da natureza humana.
Duma forma empírica, penso que podemos começar por distinguir duas categorias de pessoas. As que vão a jogo e arriscam ganhar ou perder e as que não jogam e normalmente se aproximam no final do jogo para partilhar vitórias ou se afastam para não ser cúmplices de derrotas.
Prefiro os que vão a jogo àqueles que não jogam. Prefiro quem actua perdendo do que aqueles que “ganham” porque com calculismo só aderem à peleja depois de decidido o jogo. Daqueles que cantam vitória depois do jogo ganho ou dos que por timidez ou escolha deliberada se juntam sempre como carpideiras aos gemidos dos derrotados, não reza nem rezará a história. Mas entre os que vão a jogo, ainda há algumas distinções a fazer. Há os que jogam os jogos que podem ser ganhos (e os que por masoquismo reconhecido ou implícito jogam os jogos que sabem que serão perdidos) e há os que jogam os jogos que é preciso jogar independentemente da probabilidade de sucesso, ou que pelo menos calibram a importância do jogo com o risco a ele associado.
Desde que me conheço que oiço clamar por reformas em Portugal. Também desde sempre assisti ao abandono de processos reformistas sempre que a contestação à mudança fazia antever um risco elevado de não sucesso. Assim morreram dezenas de impulsos de modernização. Não por falta de quem quisesse jogar o jogo, mas por falta de quem assumisse jogar para ganhar mesmo com um risco forte de perder.
As reformas que Portugal precisa são urgentes, determinantes e exigem quem as assuma pela importância do jogo e não pelos dividendos políticos ou de popularidade imediata que delas advierem. Basta de deixar de fazer o que tem que ser feito porque o que tem que ser feito não agrada a todos. Na verdade em democracia, tudo o que agrada a todos já está feito. O que falta são dinâmicas de mudança num terreno em que há gente a favor e gente contra, vencedores e perdedores, mas resulta ganho social ou económico líquido para o País.
Na minha vida sempre fui a jogo pela importância do que estava em causa e não pela probabilidade de ganhar. Como todos os que me lêem, ganhei muitas vezes e perdi muitas outras, mas nunca deixei de travar um combate que me parecesse valer a pena para dar força aos valores e às ideias em que acredito. Esta tem sido também a marca da governação desde 2005. Nem tudo o que foi feito foi bem feito e ainda há muita coisa por fazer, mas os combates foram travados não no terreno fácil, mas no terreno necessário. E é isso que vai continuar a acontecer e é por isso que em meu entender, mesmo com tantos sacrifícios pedidos e dificuldades partilhadas, os portugueses continuam a confiar mais em quem vai a jogo mesmo com risco e perder, do que em quem quer trazer o País de volta a uma insustentável lassidão, própria de quem desiste do seu futuro.
Duma forma empírica, penso que podemos começar por distinguir duas categorias de pessoas. As que vão a jogo e arriscam ganhar ou perder e as que não jogam e normalmente se aproximam no final do jogo para partilhar vitórias ou se afastam para não ser cúmplices de derrotas.
Prefiro os que vão a jogo àqueles que não jogam. Prefiro quem actua perdendo do que aqueles que “ganham” porque com calculismo só aderem à peleja depois de decidido o jogo. Daqueles que cantam vitória depois do jogo ganho ou dos que por timidez ou escolha deliberada se juntam sempre como carpideiras aos gemidos dos derrotados, não reza nem rezará a história. Mas entre os que vão a jogo, ainda há algumas distinções a fazer. Há os que jogam os jogos que podem ser ganhos (e os que por masoquismo reconhecido ou implícito jogam os jogos que sabem que serão perdidos) e há os que jogam os jogos que é preciso jogar independentemente da probabilidade de sucesso, ou que pelo menos calibram a importância do jogo com o risco a ele associado.
Desde que me conheço que oiço clamar por reformas em Portugal. Também desde sempre assisti ao abandono de processos reformistas sempre que a contestação à mudança fazia antever um risco elevado de não sucesso. Assim morreram dezenas de impulsos de modernização. Não por falta de quem quisesse jogar o jogo, mas por falta de quem assumisse jogar para ganhar mesmo com um risco forte de perder.
As reformas que Portugal precisa são urgentes, determinantes e exigem quem as assuma pela importância do jogo e não pelos dividendos políticos ou de popularidade imediata que delas advierem. Basta de deixar de fazer o que tem que ser feito porque o que tem que ser feito não agrada a todos. Na verdade em democracia, tudo o que agrada a todos já está feito. O que falta são dinâmicas de mudança num terreno em que há gente a favor e gente contra, vencedores e perdedores, mas resulta ganho social ou económico líquido para o País.
Na minha vida sempre fui a jogo pela importância do que estava em causa e não pela probabilidade de ganhar. Como todos os que me lêem, ganhei muitas vezes e perdi muitas outras, mas nunca deixei de travar um combate que me parecesse valer a pena para dar força aos valores e às ideias em que acredito. Esta tem sido também a marca da governação desde 2005. Nem tudo o que foi feito foi bem feito e ainda há muita coisa por fazer, mas os combates foram travados não no terreno fácil, mas no terreno necessário. E é isso que vai continuar a acontecer e é por isso que em meu entender, mesmo com tantos sacrifícios pedidos e dificuldades partilhadas, os portugueses continuam a confiar mais em quem vai a jogo mesmo com risco e perder, do que em quem quer trazer o País de volta a uma insustentável lassidão, própria de quem desiste do seu futuro.
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