O Lado Iluminado
2015/12/20 11:40
| Diário do Sul, Visto do Alentejo
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Quando não nos deixamos afogar na melancolia ou submergir na febre
consumista, estes tempo de natal e ano novo são bons para visitar a vida. Para
relembrar e reencontrar os amigos, para estar mais tempo com a família e para
finalmente agendarmos o encontro sempre adiado connosco próprios.
A vida é uma dádiva extraordinária, mas a consciência de termos sido
escolhidos para esta experiência maravilhosa raramente nos conduz diretamente à
felicidade. O medo que nos assola de podermos estar a desperdiçar o tesouro, é
por vezes tão forte que acaba por conduzir ao seu efetivo desperdício, à erosão
do sentido da vida e ao enfraquecimento da alegria de viver.
Quero partilhar com todos os meus leitores uma mensagem adequada aos
tempos, sem ser lamechas, banal ou intrusivo nas escolhas e vontades de cada
um. Não tenho nenhuma poção mágica para restaurar a alegria e a felicidade.
Apenas me ocorrem palavras simples e a sensação que é entre as coisas simples
que podemos encontrar a chave para disfrutar o tesouro da vida.
Gostava de vos lançar um desafio. O desafio de procurarem perante as
coisas do dia-a-dia, ver o seu lado bom, antes de tomar consciência também do
seu lado mau e agir sobre ele.
Instalou-se, sobretudo na Europa, uma forma de olhar que valoriza o discurso
sobre o que está mal, os problemas do mundo e os problemas de cada um. Quando
esse discurso conduz à ação é bem-vindo. No entanto, pelo que vou observando, o
queixume é quase sempre uma desculpa para nada fazer, nem pelos outros nem por
nós próprios.
É claro que somos quotidianamente rodeados de injustiça, pobreza,
violência. Cada caso é em si mesmo intolerável. Mas globalmente, sabemos que o
mundo sempre teve esses ingredientes e que hoje mais do que nunca, sobretudo na
Europa, temos sistemas que ajudam a mitigar o seu impacto, sobretudo se cada um
de nós em vez de denegrir esses sistemas, os ajudar a serem capazes de cumprir
a sua missão.
A dignidade e a felicidade são as irmãs gémeas da vida com sentido. Combinar
e generalizar em nós e no mundo a dignidade e felicidade não é tarefa fácil. Os
grandes tesouros normalmente não se encontram por mapas óbvios. Por mim
proponho-me tentar ver cada vez mais o lado bom das coisas para estar mais
forte para enfrentar o seu lado mau.
Neste tempo desafio-vos a pensar se não faz sentido olhar o tesouro da
vida pelo seu lado iluminado. Não custa dinheiro e torna o mundo melhor. O
nosso e o dos outros.
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