Salvar os Oceanos
Salvar os oceanos é salvar o planeta, a biodiversidade, a vida e o futuro da humanidade. Participei na 2ª Conferência das Nações Unidas sobre os Oceanos que se realizou em Lisboa como membro da Delegação Oficial do Parlamento Europeu ao evento. Nesta condição, além de ouvir as intervenções de múltiplos especialistas e responsáveis institucionais, pude também participar em dezenas de reuniões bilaterais com representantes políticos de todo o mundo, líderes científicos e tecnológicos, especialistas nas várias dimensões da economia marinha e ativistas sociais e ambientais.
A riqueza da interação, que começou logo pela diversidade dos 12 Eurodeputados que constituíram a missão, cada um com a sua marca de valores políticos, ângulo de análise e experiência de vida, deu-me ainda mais a noção da complexidade do desafio que é salvar os oceanos e da urgência com que ele tem que ser enfrentado e vencido.
Algo que é cada vez mais evidente é que não há solução para salvar os oceanos se ela não for articulada num quadro de governação e conjunção global de esforços. O debate sobre as vantagens do multilateralismo ou dos blocos mutuamente controlados, como nos tempos da designada “guerra fria”, aqui não se aplica. A solução tem que ser multilateral. Os oceanos, tal como o clima no seu todo, não se salvam às fatias.
A Declaração de Lisboa é rica em compromissos verbais e intenções fortes. Assume que é precisa mais ambição em todos os níveis. Os povos não perdoariam que fosse de outra maneira. Mas o planeta e a humanidade precisam de mais. Precisam que se passe mais depressa das palavras aos atos.
Ponderando tudo o que sabia e o muito que aprendi na Conferência de Lisboa, partilho a convicção de que os oceanos já não se salvam se ficarmos apenas à espera da ação dos Estados, das Instituições ou das Organizações Não Governamentais.
Eles são fundamentais, mas o seu papel terá que ser o de facilitadores e mobilizadores. Não há solução sem uma mudança de consciência, comportamento e atitude de todos, com necessário custo material para os mais ricos e inevitável ganho material para os mais desfavorecidos, sendo que da conjunção tem que resultar melhor qualidade de vida para todos.
Ao longo da conferência foram expostos bastantes exemplos de boas práticas em diversos países ou territórios em áreas como a economia circular, a pesca e o turismo sustentável e a gestão transparente das bacias oceânicas. As boas práticas têm que ser comunicadas e generalizadas. Só salvamos os oceanos se agirmos um por todos e todos por um.