Pós - Copenhaga (2)
2009/12/23 12:22
| Diário do Sul, Visto do Alentejo
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Na crónica anterior escrevi sobre as consequências da Cimeira de Copenhaga antes de ter tido a oportunidade de participar activamente nos seus momentos conclusivos.
Manifestei na altura o entusiasmo e o estímulo que sentia por poder assistir a um evento com os maiores líderes mundiais na mesma sala. Manifestei ainda a minha esperança de que a Cimeira proporcionasse avanços significativos rumo a uma economia mais sustentável. Finalmente evidenciei a convicção de que neste encontro com a História Portugal tem uma vantagem comparativa devida ao trabalho que tem vindo a ser feito desde 2005, com a forte aposta nas energias renováveis e em todos os sectores industriais e de investigação científica que lhe estão associados.
Escrevo hoje já após essa experiência, ainda em ressaca das longas noites negociais, consciente de que não se foi tão longe quanto era ambição dos que acreditam na necessidade duma nova ordem económica e política à escala global com maior justiça na distribuição dos recursos escassos, mas satisfeito por mesmo assim ter sido evitado um fracasso absoluto, que significaria um recuo brutal no multilateralismo, que é nos tempos actuais o maior garante da paz e da regulação à escala global.
No “Bella Center” de Copenhaga, com “todo o mundo” numa sala que significava uma alegoria da realidade global, ficou claro que já nada é como era na formação das decisões com impacto mundial. Já ninguém por si só é suficiente para impor a sua vontade. Mesmo as parcerias entre duas potências são insuficientes. O Ocidente todo unido já não impõe a sua vontade. Os emergentes contam cada vez mais. Nada pode já ser feito contra a vontade da China, da Índia ou do Brasil.
Dito isto, importa sublinhar que mesmo assim foi possível validar um acordo cujas duas maiores fragilidades são o carácter não vinculativo das metas e o não ter sido possível estabelecer mecanismos claros de verificação do seu cumprimento.
Muitos defenderam, em particular entre os países da União Europeia que mais valia um não acordo do que este acordo. Não é a minha opinião. Como escrevi antes, um desacordo não teria significado ficar no mesmo sítio. Pelo contrário, daria origem a um processo de retaliações comerciais e desconfiança entre os blocos, com forte impacto recessivo numa economia que só agora dá os primeiros sinais ténues de recuperação.
O acordo conseguido é um pequeno passo. Sócrates chamou-lhe um passo tímido. Mas é um passo na direcção certa à espera de melhores dias.
Os combustíveis fósseis serão cada vez mais raros e de difícil extracção. A qualidade do ar e da paisagem serão cada vez mais valorizados nas sociedades modernas. A chave é fazer destas realidades uma oportunidade de mudança do modelo económico, de inovação tecnológica e de criação de emprego.
É essa a aposta estratégica que Portugal está a fazer no domínio da energia sustentável. Uma aposta que o pequeno passo consolidado pelo mundo em Copenhaga ratificou e reforçou.
Manifestei na altura o entusiasmo e o estímulo que sentia por poder assistir a um evento com os maiores líderes mundiais na mesma sala. Manifestei ainda a minha esperança de que a Cimeira proporcionasse avanços significativos rumo a uma economia mais sustentável. Finalmente evidenciei a convicção de que neste encontro com a História Portugal tem uma vantagem comparativa devida ao trabalho que tem vindo a ser feito desde 2005, com a forte aposta nas energias renováveis e em todos os sectores industriais e de investigação científica que lhe estão associados.
Escrevo hoje já após essa experiência, ainda em ressaca das longas noites negociais, consciente de que não se foi tão longe quanto era ambição dos que acreditam na necessidade duma nova ordem económica e política à escala global com maior justiça na distribuição dos recursos escassos, mas satisfeito por mesmo assim ter sido evitado um fracasso absoluto, que significaria um recuo brutal no multilateralismo, que é nos tempos actuais o maior garante da paz e da regulação à escala global.
No “Bella Center” de Copenhaga, com “todo o mundo” numa sala que significava uma alegoria da realidade global, ficou claro que já nada é como era na formação das decisões com impacto mundial. Já ninguém por si só é suficiente para impor a sua vontade. Mesmo as parcerias entre duas potências são insuficientes. O Ocidente todo unido já não impõe a sua vontade. Os emergentes contam cada vez mais. Nada pode já ser feito contra a vontade da China, da Índia ou do Brasil.
Dito isto, importa sublinhar que mesmo assim foi possível validar um acordo cujas duas maiores fragilidades são o carácter não vinculativo das metas e o não ter sido possível estabelecer mecanismos claros de verificação do seu cumprimento.
Muitos defenderam, em particular entre os países da União Europeia que mais valia um não acordo do que este acordo. Não é a minha opinião. Como escrevi antes, um desacordo não teria significado ficar no mesmo sítio. Pelo contrário, daria origem a um processo de retaliações comerciais e desconfiança entre os blocos, com forte impacto recessivo numa economia que só agora dá os primeiros sinais ténues de recuperação.
O acordo conseguido é um pequeno passo. Sócrates chamou-lhe um passo tímido. Mas é um passo na direcção certa à espera de melhores dias.
Os combustíveis fósseis serão cada vez mais raros e de difícil extracção. A qualidade do ar e da paisagem serão cada vez mais valorizados nas sociedades modernas. A chave é fazer destas realidades uma oportunidade de mudança do modelo económico, de inovação tecnológica e de criação de emprego.
É essa a aposta estratégica que Portugal está a fazer no domínio da energia sustentável. Uma aposta que o pequeno passo consolidado pelo mundo em Copenhaga ratificou e reforçou.
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