Santo Condestável
2009/04/26 20:01
| Diário do Sul, Visto do Alentejo
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O Santo Contestável, figura grada da nossa história e marca da nossa identidade nacional foi canonizado por Bento XVI em Roma, depois de ter sido beatificado por Bento XV no inicio do século passado (1918).
Reconhecido e chamado de santo pelo povo há centenas de anos, D. Nuno Álvares Pereira foi finalmente reconhecido como tal no panteão da Igreja Católica. O argumento que levou à canonização (a cura milagrosa de um olho salpicado por óleo a ferver) parece mesquinho, excepto obviamente para a miraculada. Já o significado deste reconhecimento do antes beato Nuno de Santa Maria merece ser sublinhado, mais no registo histórico do que no canónico, onde o meu pouco conhecimento recomenda prudência.
Nuno Álvares Pereira não chegou longe no famigerado concurso sobre o maior português de todos os tempos, ganho pela relíquia de Santa Comba. A ele se deve no entanto em larga medida o facto de esse concurso se ter realizado! Não fora a sua irreverência, a sua fé e a sua capacidade de influência na nobreza do tempo e não haveria Mestre de Avis nem ínclita geração para gravar na história o sentido da nossa independência. Uma marca que permitiu sobreviver aos Filipes e tantas outras afrontas e compitas e sermos hoje uma nação forte, respeitada e preparada para os desafios do futuro.
Se Dinis, Henrique e João II foram os arquitectos do Portugal Cosmopolita, Afonso Henriques e Nuno Álvares ganharam no campo de batalha e pela força da espada o direito à nacionalidade. Uma espada que o condestável transformou em cruz de fé e piedade e em luz solidária na última fase da sua vida como monge carmelita, despojando-se de grande riqueza e colocando-a ao serviço dos mais carenciados.
Alguns leitores interrogar-se-ão sobre a oportunidade de tratar o tema da canonização de Nuno Álvares Pereira numa semana que medeia entre o dia da liberdade e o dia do trabalho. Haveria certamente outros temas possíveis para esta crónica, mas este, como justificarei seguidamente, não vem a despropósito.
Nos tempos turbulentos que vivemos é preciso cada vez mais ter a humildade de compreender cada época histórica no seu contexto específico e de cada uma delas extrair ensinamentos para o progresso e o bem-estar dos povos. Nuno foi um estratega político e militar brilhante. Engendrou e aplicou com resultados a nossa capacidade de fazer das fraquezas forças e vencer os mais fortes com a lucidez da vontade e da imaginação. Soube também sair de cena no tempo certo e tornar-se devoto e benemérito, granjeando reconhecimento como homem e como guerreiro.
Esta é uma semana para lembrar os heróis da nossa identidade como nação forte e livre. Heróis, muitos ainda vivos, que fizeram acontecer Abril, mas também heróis que ao longo da história fizeram acontecer Portugal. São Nuno de Santa Maria é um herói da nacionalidade, da liberdade e da espiritualidade. Todas as biografias o retratam como um homem bom e corajoso. Esta crónica é uma homenagem singela a um santo condestável que admiro desde os tempos em que, ainda na escola primária, pude estudar os seus feitos e conquistas.
Reconhecido e chamado de santo pelo povo há centenas de anos, D. Nuno Álvares Pereira foi finalmente reconhecido como tal no panteão da Igreja Católica. O argumento que levou à canonização (a cura milagrosa de um olho salpicado por óleo a ferver) parece mesquinho, excepto obviamente para a miraculada. Já o significado deste reconhecimento do antes beato Nuno de Santa Maria merece ser sublinhado, mais no registo histórico do que no canónico, onde o meu pouco conhecimento recomenda prudência.
Nuno Álvares Pereira não chegou longe no famigerado concurso sobre o maior português de todos os tempos, ganho pela relíquia de Santa Comba. A ele se deve no entanto em larga medida o facto de esse concurso se ter realizado! Não fora a sua irreverência, a sua fé e a sua capacidade de influência na nobreza do tempo e não haveria Mestre de Avis nem ínclita geração para gravar na história o sentido da nossa independência. Uma marca que permitiu sobreviver aos Filipes e tantas outras afrontas e compitas e sermos hoje uma nação forte, respeitada e preparada para os desafios do futuro.
Se Dinis, Henrique e João II foram os arquitectos do Portugal Cosmopolita, Afonso Henriques e Nuno Álvares ganharam no campo de batalha e pela força da espada o direito à nacionalidade. Uma espada que o condestável transformou em cruz de fé e piedade e em luz solidária na última fase da sua vida como monge carmelita, despojando-se de grande riqueza e colocando-a ao serviço dos mais carenciados.
Alguns leitores interrogar-se-ão sobre a oportunidade de tratar o tema da canonização de Nuno Álvares Pereira numa semana que medeia entre o dia da liberdade e o dia do trabalho. Haveria certamente outros temas possíveis para esta crónica, mas este, como justificarei seguidamente, não vem a despropósito.
Nos tempos turbulentos que vivemos é preciso cada vez mais ter a humildade de compreender cada época histórica no seu contexto específico e de cada uma delas extrair ensinamentos para o progresso e o bem-estar dos povos. Nuno foi um estratega político e militar brilhante. Engendrou e aplicou com resultados a nossa capacidade de fazer das fraquezas forças e vencer os mais fortes com a lucidez da vontade e da imaginação. Soube também sair de cena no tempo certo e tornar-se devoto e benemérito, granjeando reconhecimento como homem e como guerreiro.
Esta é uma semana para lembrar os heróis da nossa identidade como nação forte e livre. Heróis, muitos ainda vivos, que fizeram acontecer Abril, mas também heróis que ao longo da história fizeram acontecer Portugal. São Nuno de Santa Maria é um herói da nacionalidade, da liberdade e da espiritualidade. Todas as biografias o retratam como um homem bom e corajoso. Esta crónica é uma homenagem singela a um santo condestável que admiro desde os tempos em que, ainda na escola primária, pude estudar os seus feitos e conquistas.
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