A Profecia Z
2012/12/08 19:14
| Diário do Sul, Visto do Alentejo
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Anda por aí uma grande confusão a propósito da profecia Maia e do fim do mundo. As últimas informações da NASA não confirmam o colapso, mas o efeito da profecia na imaginação e nas atitudes já é indelével. As pessoas têm sede de uma mudança no mundo materialista, consumista, injusto e insustentável em que vivemos. Essa sede pode ser uma bênção para que um novo ciclo de desenvolvimento se inicie no dealbar do ano 12 e no alvor do ano 13 do novo milénio.
É com esse espírito, de que tudo quanto se pode imaginar é real, que vos proponho uma profecia alternativa! Posso chamar-lhe a profecia de Cabeço de Vide em homenagem ao princípio da vida no planeta terra (é a NASA que o diz ou que dizem que diz), a profecia dos Almendres tendo em conta a força telúrica que ilumina o cromeleque que bordeja Évora, ou até a profecia Z em homenagem ao personagem Zorro e à sua marca, que nada tem a ver que eu saiba com o nome que herdei de meu Pai, mas que me acompanhará por toda a vida!
E que profecia é essa? É a profecia de que a reeleição de Obama foi apenas um primeiro passo num novo ciclo político à escala global. Em 2013 a relação de forças políticas na Europa e no mundo sofrerá um forte abanão. Não será necessariamente um entornar directo da direita para a esquerda, mas antes um esvaziar da direita financista em favor duma nova esquerda com programas de acção focados nas pessoas, na sua realização individual e em comunidade, no renascimento duma nova indústria limpa e criadora de empregos e numa sociedade que funcione com base numa harmonia e num equilíbrio que torne a equidade um pilar natural da sua sustentação e não uma construção artificial e cada vez mais onerosa.
Se a sociedade se organizasse para as pessoas, o designado Estado Social poderia ser sobretudo regulador e incentivador, e por isso sustentável e amigo da saúde económica das sociedades.
É a opção contranatura por uma organização social baseada nos interesses que faz com que se tenha que investir cada vez num sistema mínimo de garantia social, e que tantos digam mesmo que esse investimento é incomportável e desejem voltar a uma idade nas trevas no plano da dignidade humana.
As grandes mudanças no mundo serem tiveram uma base ideológica, de crença e de valores partilhados. Quando as pessoas começam a pensar de forma diferente e a agir em função disso as sociedades transformam-se e o que parecia eterno desfaz-se. As revoluções acontecem quando as evoluções já não dão resposta aos anseios dos povos.
A NASA confirma que em 21 de Dezembro não acabará o mundo físico em que vivemos. Eu acredito que o mundo iníquo do liberalismo financeiro e sem rosto tem que começar a esboroar-se desde já e nos próximos tempos.
A alternativa a esta profecia é o definhar da esperança. Cresci com a ideia de que esperança é sempre a última a morrer. Continuo movido por uma genuína vontade de lutar por um mundo melhor. Juntos, iremos conseguir.
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