Fenómeno ( um olhar sobre a política em Itália)
2009/10/30 17:36
| Diário do Sul, Visto do Alentejo
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O fenómeno “Berlusconi” é um espelho dos tempos modernos, do relativismo político e social e da pluralidade de escolhas a que podem conduzir os processos em democracia, esse sistema de governação que não sendo perfeito, é o menos mau de todos os que se conhecem.
Os “media” internacionais têm expressado a estupefacção das opiniões públicas mundiais sobre o fenómeno. Como é possível que a Itália, País moderno com longa história e requintado bom gosto, escolha maioritariamente para seu líder no inicio do século XXI alguém com o perfil humano que caracteriza Berlusconi? Questão similar já se tinha colocado antes com a escolha reiterada de Bush pelos Americanos.
Em razão das funções que tenho desempenhado, tenho podido contactar com muitos italianos, das elites governamentais e do povo. Verifico que diferentes razões quer as elites quer o povo continuam a expressar um apoio maioritário a Berlusconi, apoio esse que depois se reflecte nos estudos de opinião que a todos surpreendem.
Depois da surpresa que também me contagiou tenho-me esforçado por entender o fenómeno. Nesta crónica adianto um humilde contributo nesse sentido, resultante das conversas e da aprendizagem que pude fazer no meu contacto com a política e a sociedade italiana.
As elites defendem Berlusconi porque enquanto ele concentra em si próprio e nas suas trapalhadas a atenção total da imprensa nacional e internacional, as reformas económicas e sociais vão avançando com menos dor e contestação do que se fossem feitas sem essa oportuna cortina de fumo. Também algumas decisões menos lineares são abafadas pelo foco total nas histórias de poder, sedução e alcova que envolvem “il Cavalieri”.
Por outro lado o Povo vê em Berlusconi uma espécie de justificação moral para as suas faltas. Nem sempre cumprem a Lei? Berlusconi também não. Alguns mandam às malvas os deveres matrimoniais? E Berlusconi? Muitos negócios são pouco transparentes? Como os de Berlusconi, claro!
Os governantes são sempre, sobretudo em democracia, o reflexo das escolhas dos governados. Não quero com isto insinuar que o povo italiano é pior que os outros povos europeus. Não o insinuo e não o penso. O que acontece em Itália é uma curiosa inversão de atitude e de lógica representativa.
Normalmente escolhem-se governantes que sejam exemplos éticos e morais para a sociedade e indiquem o caminho para uma certa redenção das más práticas. A Itália, pelo contrário, escolheu livremente um governante que não sendo um exemplo, funciona como um justificador e um fiador involuntário dos entorses éticos e morais que existem na sua e em todas as sociedades.
É uma opção democrática surpreendente e populista. Deve ser compreendida por todos e combatida democraticamente pelos italianos se assim o entenderem.
Os “media” internacionais têm expressado a estupefacção das opiniões públicas mundiais sobre o fenómeno. Como é possível que a Itália, País moderno com longa história e requintado bom gosto, escolha maioritariamente para seu líder no inicio do século XXI alguém com o perfil humano que caracteriza Berlusconi? Questão similar já se tinha colocado antes com a escolha reiterada de Bush pelos Americanos.
Em razão das funções que tenho desempenhado, tenho podido contactar com muitos italianos, das elites governamentais e do povo. Verifico que diferentes razões quer as elites quer o povo continuam a expressar um apoio maioritário a Berlusconi, apoio esse que depois se reflecte nos estudos de opinião que a todos surpreendem.
Depois da surpresa que também me contagiou tenho-me esforçado por entender o fenómeno. Nesta crónica adianto um humilde contributo nesse sentido, resultante das conversas e da aprendizagem que pude fazer no meu contacto com a política e a sociedade italiana.
As elites defendem Berlusconi porque enquanto ele concentra em si próprio e nas suas trapalhadas a atenção total da imprensa nacional e internacional, as reformas económicas e sociais vão avançando com menos dor e contestação do que se fossem feitas sem essa oportuna cortina de fumo. Também algumas decisões menos lineares são abafadas pelo foco total nas histórias de poder, sedução e alcova que envolvem “il Cavalieri”.
Por outro lado o Povo vê em Berlusconi uma espécie de justificação moral para as suas faltas. Nem sempre cumprem a Lei? Berlusconi também não. Alguns mandam às malvas os deveres matrimoniais? E Berlusconi? Muitos negócios são pouco transparentes? Como os de Berlusconi, claro!
Os governantes são sempre, sobretudo em democracia, o reflexo das escolhas dos governados. Não quero com isto insinuar que o povo italiano é pior que os outros povos europeus. Não o insinuo e não o penso. O que acontece em Itália é uma curiosa inversão de atitude e de lógica representativa.
Normalmente escolhem-se governantes que sejam exemplos éticos e morais para a sociedade e indiquem o caminho para uma certa redenção das más práticas. A Itália, pelo contrário, escolheu livremente um governante que não sendo um exemplo, funciona como um justificador e um fiador involuntário dos entorses éticos e morais que existem na sua e em todas as sociedades.
É uma opção democrática surpreendente e populista. Deve ser compreendida por todos e combatida democraticamente pelos italianos se assim o entenderem.
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