Europa em Jogo (Para alêm do EURO 2016)
2016/06/05 19:00
| Diário do Sul, Visto do Alentejo
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Embora estejamos em
plena época de Campeonato Europeu de Futebol não é a esse jogo que me quero
referir nesta crónica. De facto, neste Verão de 2016 não é apenas futebol de
seleções que se joga. De alguma forma e continuando a usar uma imagem
desportiva, o futuro do projeto europeu também vai ao desempate por pontapés da
marca de grande penalidade.
Existe uma perceção
generalizada de que a Europa está em crise. Essa perceção entranhou-se nos
povos europeus não obstante a União Europeia continuar a ser o maior e mais
promissor mercado do mundo, o território que mais valoriza as práticas de
defesa do ambiente e preservação do planeta, a região que mais coopera e ajuda
financeiramente os países em desenvolvimento e o espaço onde os direitos
sociais são mais respeitados e onde a democracia é mais consistente e sólida.
A questão é simples.
Tudo isto é verdade mas a tendência não é para se reforçar, mas para se diluir
e daí o sentimento de perda e frustração da maioria dos cidadãos europeus. O
desafio que daqui resulta é claro. Não é dividindo-se que a Europa ultrapassa a
crise que atravessa. É reforçando-se e consolidando-se.
São muitos os fatores
que contribuem para o “mal-estar” europeu, mas o mais estrutural tem a ver com
a contradição entre as regras da globalização desregulada e os fatores
positivos de diferenciação que antes enumerei. Esses fatores são
intrinsecamente positivos mas criam limitações de competitividade global a
muitos setores da economia europeia.
O que fazer. Ajustar as
nossas regras às regras prevalecentes é destruir a nossa identidade e aquilo
que temos de melhor. Deixar tudo como está é ir morrendo devagarinho. Temos que
chutar com força e ao ângulo! Temos que trabalhar juntos para através das
múltiplas negociações internacionais, designadamente dos tratados comerciais,
impormos as nossas regras de humanidade e sustentabilidade como referências
para as relações económicas globais.
Como escrevi
recentemente neste espaço, cada País europeu individualmente, mesmo a Alemanha,
são pouco mais do que irrelevantes no plano das negociações económicas
internacionais. Esta crise não é uma crise como as outras. Não fazer nada é
derrota certa. Tal como o será, se os diversos países começam a marcar golos na
própria baliza. Vejamos o que acontece já dia 23 no Reino Unido. O meu desejo é
claro. Espero que no fim de mais este campeonato a União Europeia esteja em
condições de levantar mais uma vez as taças da paz e do desenvolvimento
sustentável.
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