A Tribo do Costume
2009/05/03 16:35
| Diário do Sul, Visto do Alentejo
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A tribo do costume anda feliz! Eles “sempre disseram” que isto de Portugal querer ser um país europeu, desenvolvido, com boas infra-estruturas, pessoas cosmopolitas, com vontade de ter as suas casas e carros, fazer as suas férias e receber salários decentes “ia acabar mal”.
Agora que a crise internacional nos coloca naturais dificuldades, a tribo rejubila e anuncia o armagedão, esquecendo que alguns países de que a tribo falava embevecida como a Irlanda ou a Espanha estão a passar momentos ainda mais difíceis do que nós.
O mais curioso no entanto é que a tribo se contradiz sem aparentemente parar para pensar. Receita a baixa generalizada de salários (excepto para os próprios porque a tribo tem que manter o seu padrão de vida para ter distanciamento analítico) sem perceber que isso definha de forma brutal a já depauperada procura interna. Diaboliza o investimento público por não criar riqueza e emprego, ao mesmo tempo que coloca todos os seus trunfos a tentar atrasar a sua concretização e a impedir os impactos que desmentiriam o seu discurso. Denunciam o deficit e o endividamento excessivo, mas contestam o rigor fiscal e a focalização das políticas públicas na modernização da capacidade de resposta da economia.
A tribo do costume, habituada aos seus fins-de-semana em Paris, Londres ou Nova Iorque, não aceita que os portugueses tenham a ambição de dar um salto competitivo e combater na fronteira tecnológica. Acham antes que nos devíamos remeter à insignificância dos subcontratados descartáveis, amarrados a contratos leoninos de esmagamento de preços e de direitos.
A turbulência dos dias que correm não é no entanto da visão diacrónica e de longo alcance, fazendo por isso as delícias da tribo. A tendência para tomar o presente pelo todo é muito grande e aí, acompanhando de perto as tendências internacionais, a nossa situação económica e social é difícil e desafiante. Para vencer a tribo e a sua desistência precoce é preciso projectar um futuro que será marcado pelas medidas que estamos a concretizar e não pela simples replicação das dificuldades que estamos a viver.
É agora que temos que criar as condições para estarmos bem posicionados á saída da crise. Estamos a fazê-lo nalguns domínios críticos. Convidado pela União Internacional de Telecomunicações para se dirigir às centenas de congressistas de mais de cem nacionalidades presentes no evento, o guru da tecnologia e da educação Dan Tappscott não poupou nas palavras. Em entrevista á agência Lusa afirmou “não há nada mais importante para um País, neste momento da história, do que dar às suas crianças o seu direito de nascença que é ter acesso a um novo meio de comunicação que melhora a sua aprendizagem e experiência humana” e concluiu “O Programa Magalhães é a mais sofisticada e avançada implementação das tecnologias de informação em educação no mundo”.
A tribo do costume acha que isto é poesia. Talvez seja. Deviam também saber que a boa poesia ilumina o futuro dos povos.
Agora que a crise internacional nos coloca naturais dificuldades, a tribo rejubila e anuncia o armagedão, esquecendo que alguns países de que a tribo falava embevecida como a Irlanda ou a Espanha estão a passar momentos ainda mais difíceis do que nós.
O mais curioso no entanto é que a tribo se contradiz sem aparentemente parar para pensar. Receita a baixa generalizada de salários (excepto para os próprios porque a tribo tem que manter o seu padrão de vida para ter distanciamento analítico) sem perceber que isso definha de forma brutal a já depauperada procura interna. Diaboliza o investimento público por não criar riqueza e emprego, ao mesmo tempo que coloca todos os seus trunfos a tentar atrasar a sua concretização e a impedir os impactos que desmentiriam o seu discurso. Denunciam o deficit e o endividamento excessivo, mas contestam o rigor fiscal e a focalização das políticas públicas na modernização da capacidade de resposta da economia.
A tribo do costume, habituada aos seus fins-de-semana em Paris, Londres ou Nova Iorque, não aceita que os portugueses tenham a ambição de dar um salto competitivo e combater na fronteira tecnológica. Acham antes que nos devíamos remeter à insignificância dos subcontratados descartáveis, amarrados a contratos leoninos de esmagamento de preços e de direitos.
A turbulência dos dias que correm não é no entanto da visão diacrónica e de longo alcance, fazendo por isso as delícias da tribo. A tendência para tomar o presente pelo todo é muito grande e aí, acompanhando de perto as tendências internacionais, a nossa situação económica e social é difícil e desafiante. Para vencer a tribo e a sua desistência precoce é preciso projectar um futuro que será marcado pelas medidas que estamos a concretizar e não pela simples replicação das dificuldades que estamos a viver.
É agora que temos que criar as condições para estarmos bem posicionados á saída da crise. Estamos a fazê-lo nalguns domínios críticos. Convidado pela União Internacional de Telecomunicações para se dirigir às centenas de congressistas de mais de cem nacionalidades presentes no evento, o guru da tecnologia e da educação Dan Tappscott não poupou nas palavras. Em entrevista á agência Lusa afirmou “não há nada mais importante para um País, neste momento da história, do que dar às suas crianças o seu direito de nascença que é ter acesso a um novo meio de comunicação que melhora a sua aprendizagem e experiência humana” e concluiu “O Programa Magalhães é a mais sofisticada e avançada implementação das tecnologias de informação em educação no mundo”.
A tribo do costume acha que isto é poesia. Talvez seja. Deviam também saber que a boa poesia ilumina o futuro dos povos.
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