2012 - Crónica de Fim (de ano)
2009/12/30 19:36
| Diário do Sul, Visto do Alentejo
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Além de um filme com grande orçamento e relativo sucesso, o facto da Civilização Maia ter terminado em 2012 as projecções da sua roda do tempo tem sido objecto nos últimos tempos de livros, artigos e interessantes debates em múltiplos tons e perspectivas. A histeria colectiva sobre a data e o seu significado promete adensar-se à medida que 2012 se for aproximando, como aconteceu com os fenómenos milenaristas e outros episódios proféticos ao longo da história.
Não existe ao que parece nenhuma evidência científica de que o mundo termine em 2012 ou que os Maias já soubessem do protocolo de Quioto e das dificuldades em renová-lo e generalizá-lo depois dessa data. O mais que um leigo no tema consegue vislumbrar é que em 2012 haverá uma conjunção astral particular em torno da nossa estrela mãe, embora isso não ocorra pela primeira vez nem o mundo tenha acabado das outras vezes em que ocorreu.
Dito isto e deixando claro que não espero que o mundo acabe em 2012, não posso deixar de sublinhar que nesse ano, numerologicamente um ano de transição, confluem várias dinâmicas que indiciam uma nova era para a economia global e para a humanidade. Vejo isso não como uma ameaça mas como uma oportunidade. O mundo em que vivemos caminha rapidamente para um desequilíbrio insustentável e injusto que importa conter e modificar.
Assistimos hoje a uma lenta recuperação do equilíbrio económico e social à escala planetária. Anualmente milhões de chineses, brasileiros ou indianos, apenas para citar os países mais populosos, vão chegando a patamares de disponibilidade de recursos que os fazem ambicionar legitimamente a possuir bens de consumo que há muito são generalizados nos países mais desenvolvidos.
O impacto ambiental dessas dinâmicas será brutal se a tecnologia não se alterar e se uma nova era de produção descentralizada de energia sustentável e de fluxos optimizados de bens e serviços não estiver para emergir.
Um exemplo impressivo daquilo que acabei de dizer é o dilema da mobilidade na China? Se os ocidentais podem ter mais do que um carro em média por família, porque é que os chineses não podem ambicionar o mesmo, sobretudo quando as novas tecnologias de comunicação disseminam por todo o globo os padrões e as referências de consumo dos países mais ricos. No entanto, essa vontade legítima exerce uma pressão potencial sobre os recursos e sobre o ambiente que é estruturalmente insustentável. Neste caso a resposta está na mobilidade eléctrica baseada em formas limpas e descentralizadas de produzir essa electricidade.
Raciocínio idêntico se pode fazer sobre o direito a aceder à electricidade ou à água potável por milhões de cidadãos que em África ou na Ásia sobretudo, ainda não acedem a esses recursos básicos e universais. Também aqui só as novas tecnologias e os novos modelos de organização comunitária podem dar uma resposta.
Vivemos um tempo em que não existem soluções justas e globais sem uma profunda mudança dos nossos modelos de organização social e das tecnologias que os suportam. O mundo tal como o temos vivido tenderá a acabar em breve. O ano de 2012 parece-me um momento interessante como ponto de viragem. Oxalá seja esse o sentido da profecia Maia. E oxalá também que sendo assim, ela se cumpra.
Não existe ao que parece nenhuma evidência científica de que o mundo termine em 2012 ou que os Maias já soubessem do protocolo de Quioto e das dificuldades em renová-lo e generalizá-lo depois dessa data. O mais que um leigo no tema consegue vislumbrar é que em 2012 haverá uma conjunção astral particular em torno da nossa estrela mãe, embora isso não ocorra pela primeira vez nem o mundo tenha acabado das outras vezes em que ocorreu.
Dito isto e deixando claro que não espero que o mundo acabe em 2012, não posso deixar de sublinhar que nesse ano, numerologicamente um ano de transição, confluem várias dinâmicas que indiciam uma nova era para a economia global e para a humanidade. Vejo isso não como uma ameaça mas como uma oportunidade. O mundo em que vivemos caminha rapidamente para um desequilíbrio insustentável e injusto que importa conter e modificar.
Assistimos hoje a uma lenta recuperação do equilíbrio económico e social à escala planetária. Anualmente milhões de chineses, brasileiros ou indianos, apenas para citar os países mais populosos, vão chegando a patamares de disponibilidade de recursos que os fazem ambicionar legitimamente a possuir bens de consumo que há muito são generalizados nos países mais desenvolvidos.
O impacto ambiental dessas dinâmicas será brutal se a tecnologia não se alterar e se uma nova era de produção descentralizada de energia sustentável e de fluxos optimizados de bens e serviços não estiver para emergir.
Um exemplo impressivo daquilo que acabei de dizer é o dilema da mobilidade na China? Se os ocidentais podem ter mais do que um carro em média por família, porque é que os chineses não podem ambicionar o mesmo, sobretudo quando as novas tecnologias de comunicação disseminam por todo o globo os padrões e as referências de consumo dos países mais ricos. No entanto, essa vontade legítima exerce uma pressão potencial sobre os recursos e sobre o ambiente que é estruturalmente insustentável. Neste caso a resposta está na mobilidade eléctrica baseada em formas limpas e descentralizadas de produzir essa electricidade.
Raciocínio idêntico se pode fazer sobre o direito a aceder à electricidade ou à água potável por milhões de cidadãos que em África ou na Ásia sobretudo, ainda não acedem a esses recursos básicos e universais. Também aqui só as novas tecnologias e os novos modelos de organização comunitária podem dar uma resposta.
Vivemos um tempo em que não existem soluções justas e globais sem uma profunda mudança dos nossos modelos de organização social e das tecnologias que os suportam. O mundo tal como o temos vivido tenderá a acabar em breve. O ano de 2012 parece-me um momento interessante como ponto de viragem. Oxalá seja esse o sentido da profecia Maia. E oxalá também que sendo assim, ela se cumpra.
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