Política Tóxica
No âmbito das minhas funções como Eurodeputado participei recentemente num fórum empresarial em que se debateu a situação da economia portuguesa. Um após outro, os intervenientes foram salientando a evidência de que o comportamento da nossa economia, em todos os seus indicadores fundamentais, está a ser muito positivo, desde o crescimento convergente, à redução do desemprego e ao comportamento da balança de pagamentos.
Muitos compararam aquilo que era expectável com o que realmente está a acontecer, evidenciando os ganhos verificados, e outros colocaram os números em perspetiva,mostrando como o nosso País está a responder melhor e mais depressa às pressões da crise provocada pelos impactos da pandemia e da guerra, ´do que a grande maioria dos outros parceiros europeus ou mesmo de economias externas que connosco competem.
No entanto, tomados pelo ambiente bafiento que se vai vivendo à tona da nossa cena política, quase todos deixaram picardias mais ou menos explícitas ao Governo e às instituições, como se fosse possível desligar o comportamento da economia da qualidade da governação.
Claro que a perceção de instabilidade e a instabilidade efetiva não ajudam a aproveitar o momento como poderia e deveria ser aproveitado. Sobretudo, não ajudam a conceber e a aplicar respostas mais céleres para os que não são beneficiados no seu dia a dia pela melhoria do clima económico e sofrem entre outras coisas, com a inflação, o aumento das taxas de juros e outros fenómenos que reduzem a sua capacidade de viver com mais dignidade e de gerir com menos constrangimentos os seus orçamentos financeiros.
Nunca me canso de citar a célebre opinião de Luis Montenegro, então Líder Parlamentar do PSD, quando postulou que por ação da Troika aditivada e do empobrecimento gerado, “o País estava melhor e os portugueses não”. Uma economia melhor é uma economia que tem que conjugar a solidez das contas públicas com o aumento da capacidade de gerar e distribuir riqueza, designadamente de aumentar as remunerações e o rendimento disponível para atrair e fixar o trabalho necessário e melhorar a qualidade de vida das pessoas.
Quando verifico, consciente da volatilidade, que a economia portuguesa está a ter um comportamento surpreendentemente positivo, penso como seria ainda mais importante neste momento baixar o tom da política de ruído, gritaria e difamação, e consolidar estratégias abrangentes para progredirmos em conjunto. Política tóxica não ajuda oPaís.