EU.2009.CZ
2009/01/19 22:49
| Diário do Sul, Visto do Alentejo
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O título desta crónica reproduz o logótipo identificativo da Presidência Checa da União Europeia. Confesso que é um identificativo que me marca muito, dado que termina com as iniciais com que eu próprio me identifico. Coisa pouca aliás, porque CZ não é CR e muito menos CR7, o grande jogador formado nas escolas do Sporting (tal como Figo, o melhor jogador do mundo em 2001) e que fez esta semana elevar bem alto o prestígio do futebol Português.
Praga, capital da República Checa e capital europeia no semestre em curso é uma cidade maravilhosa e uma referência permanente na história do último milénio. Recordo ainda como uma nuvem esparsa a forma entusiasmada como os que me rodeavam viveram, primeiro o Maio de 68 em Paris e depois o esmagamento do sonho de liberdade com a entrada dos tanques soviéticos na capital checa. Vistos à distância estes dois acontecimentos com sentido contraditório e que aconteceram quando tinha apenas 9 anos traçaram a matriz da transição entre o século XX e o século XXI e o cenário onde tem decorrido e vai continuar a decorrer a minha vida cívica.
Já mais velho e politicamente consciente segui com curiosidade intelectual e esperança o movimento da Carta 77 e depois a exemplar revolução de Veludo que em 1989 nos recordou a beleza fulgurante com que quinze anos antes tinha irrompido a Revolução dos Cravos em Portugal.
Foi por isso com emoção que partilhei, no passado dia 7 de Janeiro, o momento em que Praga assumiu o papel de capital da União Europeia. Num velho teatro a abarrotar de personalidades de toda a Europa e de lendas vivas da sua história, com Vaclav Havel à cabeça, viveu-se uma estranha e desafiante encenação. Três momentos particularmente significativos marcaram a cerimónia. Um bailado de rostos com o perfil das 27 nações europeias deu origem a belíssimo puzzle de comunhão. Um filme sobre a história checa terminou abruptamente em 1989. Finalmente a orquestra saiu do fosso e deambulou pelo palco durante o espectáculo, dando nota alegórica da plasticidade e por vezes da insustentável leveza da construção europeia.
As expectativas em relação à presidência checa da União Europeia são baixas. Se o Tratado de Lisboa tivesse sido ratificado pela Irlanda esta seria a primeira presidência de novo tipo, ou seja, essencialmente simbólica. Não sendo assim, tenderá a ser uma presidência de transição acumulando com a Suécia uma ponte temporal entre duas presidências de referência – a Francesa de 2008 e a Espanhola de 2010.
Esta não é a primeira Presidência dos novos membros da EU. A seguir à reconhecidamente bem sucedida grande presidência portuguesa, a Eslovénia inaugurou o ciclo dos antigos países renascidos com a queda do muro, a assumir a Presidência da União Europeia. Em 2010 será a vez da Hungria desempenhar esse papel. Espero que o faça já com o Tratado de Lisboa em vigor, para bem da flexibilidade e da capacidade competitiva da Europa.
EU.2009.CZ é uma marca de incerteza e de esperança. Um tempo de passagem e disrupção como foram tantos outros que se viveram em Praga ao longo da história e em particular na história recente. Há ainda muitos muros para derrubar. Espero que o muro da crise institucional e económica do nosso tempo comece a cair nesta presidência.
Praga, capital da República Checa e capital europeia no semestre em curso é uma cidade maravilhosa e uma referência permanente na história do último milénio. Recordo ainda como uma nuvem esparsa a forma entusiasmada como os que me rodeavam viveram, primeiro o Maio de 68 em Paris e depois o esmagamento do sonho de liberdade com a entrada dos tanques soviéticos na capital checa. Vistos à distância estes dois acontecimentos com sentido contraditório e que aconteceram quando tinha apenas 9 anos traçaram a matriz da transição entre o século XX e o século XXI e o cenário onde tem decorrido e vai continuar a decorrer a minha vida cívica.
Já mais velho e politicamente consciente segui com curiosidade intelectual e esperança o movimento da Carta 77 e depois a exemplar revolução de Veludo que em 1989 nos recordou a beleza fulgurante com que quinze anos antes tinha irrompido a Revolução dos Cravos em Portugal.
Foi por isso com emoção que partilhei, no passado dia 7 de Janeiro, o momento em que Praga assumiu o papel de capital da União Europeia. Num velho teatro a abarrotar de personalidades de toda a Europa e de lendas vivas da sua história, com Vaclav Havel à cabeça, viveu-se uma estranha e desafiante encenação. Três momentos particularmente significativos marcaram a cerimónia. Um bailado de rostos com o perfil das 27 nações europeias deu origem a belíssimo puzzle de comunhão. Um filme sobre a história checa terminou abruptamente em 1989. Finalmente a orquestra saiu do fosso e deambulou pelo palco durante o espectáculo, dando nota alegórica da plasticidade e por vezes da insustentável leveza da construção europeia.
As expectativas em relação à presidência checa da União Europeia são baixas. Se o Tratado de Lisboa tivesse sido ratificado pela Irlanda esta seria a primeira presidência de novo tipo, ou seja, essencialmente simbólica. Não sendo assim, tenderá a ser uma presidência de transição acumulando com a Suécia uma ponte temporal entre duas presidências de referência – a Francesa de 2008 e a Espanhola de 2010.
Esta não é a primeira Presidência dos novos membros da EU. A seguir à reconhecidamente bem sucedida grande presidência portuguesa, a Eslovénia inaugurou o ciclo dos antigos países renascidos com a queda do muro, a assumir a Presidência da União Europeia. Em 2010 será a vez da Hungria desempenhar esse papel. Espero que o faça já com o Tratado de Lisboa em vigor, para bem da flexibilidade e da capacidade competitiva da Europa.
EU.2009.CZ é uma marca de incerteza e de esperança. Um tempo de passagem e disrupção como foram tantos outros que se viveram em Praga ao longo da história e em particular na história recente. Há ainda muitos muros para derrubar. Espero que o muro da crise institucional e económica do nosso tempo comece a cair nesta presidência.
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