A Europa Aprendeu Alguma Coisa?
2014/06/23 12:49
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Nos últimos meses a União Europeia foi
sujeita a enormes abanões que só não se notaram mais devido à aparente letargia
de fim de ciclo em que vai sobrevivendo.
A
quase inexistência política da Europa nos conflitos da Síria e da Crimeia, a
dificuldade em combater as tendências deflacionistas e o cartão amarelo forte
que os eleitores lhe mostraram nas eleições para o Parlamento Europeu (com a
abstenção e a subida do voto anti europeu) são razões mais do que suficientes
para podermos acreditar que a Europa necessita de iniciar um novo ciclo, na
gestão das instituições, na ligação com os cidadãos e na escolha das políticas.
Não sou cético por natureza, mas a
experiência de lidar há tantos anos com as questões europeias fizeram-me adotar
um prudente “ver para crer” nas coisas que têm a ver com o nosso projeto comum.
Há uma coisa que já vi e que me dá
alguma esperança de que as coisas possam estar a começar a mudar. O Parlamento
Europeu organiza-se em Comissões Especializadas. Diz-me quem sabe, que era
tradicional os maiores grupos políticos baterem-se para presidir às comissões
que se debruçam sobre as questões económicas e orçamentais.
Pois desta vez tenho assistido a uma
disputa forte pela presidência dos temas da indústria, da investigação
científica e da energia (onde eu próprio aliás me vou tentar envolver
prioritariamente em complemento com os temas do ambiente).
Será que a União Europeia já aprendeu
que é na economia real, na indústria inovadora e limpa e na liderança
energética, e não em tratados nominais que asfixiam os povos, que pode estar o
caminho para voltar a recuperar o seu papel de referência à escala global?
Pelo que vejo no Parlamento Europeu, sinto
que pelo menos aqueles que tiveram que se sujeitar ao voto popular e ouvir
diretamente as pessoas já aprenderam alguma coisa. Terá isso repassado para as
estruturas tecnocráticas que ainda têm o peso fundamental no processo de
decisão europeia? Tomarão os Primeiros-ministros (O Conselho) o partido do
Parlamento ou continuarão repousados numa estrutura de funcionários que parecem
escolhidos sobretudo com o critério de não lhes fazerem sombra?
Nos próximos dias tudo isto terá
resposta, ou pelo menos um indício de resposta. Vale a pena estar atento e
desejar que a Europa tenha aprendido alguma coisa.
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