Évora - Que Exemplo?
2017/09/02 09:24
| Diário do Sul, Visto do Alentejo
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Nasci em Óbidos, a minha família é de Santiago do Escoural onde passei parte da minha infância, cresci por Angola e Moçambique seguindo o meu Pai nas suas comissões de serviço como militar e finalmente fui adotado por Évora, onde fiz a minha formação académica e política, antes de, ficando sempre com um pé por cá, voltar a partir para o mundo. O meu coração é suficientemente grande para conter nele a recordação dasvárias terras e lugares que foram sendo cenário da minha vida. Évora tem um ligar cimeiro nos meus afetos e nas minhas memórias.
Recentemente o novo embaixador do Brasil em Portugal disse-me que tinha constatado que os portugueses eram muito críticos em relação ao seu País, mas reagiam muito mal sempre que alguém vindo de fora o criticava. Por mim, evito ser crítico do meu País e das suas terras. Não há lugares perfeitos. Não devemos esconder o que pode ser melhorado, mas valorizar o que é positivo também ajuda a criar condições para avançar e evoluir.
Évora atingiu este ano mais um pico de notoriedade e procura turística. Muitos amigos que a visitaram, ficaram fascinados pela história e pela beleza da cidade e do Concelho.E não foram poucos os que tendo feito este percurso aproveitaram para fazer uns circuitos pelas redondezas.
Quase invariavelmente, depois desses circuitos comentaram comigo que sendo Évora a joia da coroa pela história de milénios que encerra, se notava nalguns Concelhos limítrofes um outro cuidado com a qualidade das estradas municipais, com a sinalização, com a limpeza, com o apoio aos turistas, com a oferta de programas de animação, com a promoção dos produtos locais.
Évora, pela dimensão, pela história, pela demografia e pela centralidade territorial e institucional de que disfruta devia ser a primeira montra do Alentejo em geral e do Alentejo Central em particular. Infelizmente não o é, e o mandato autárquico que agora termina serviu sobretudo para ver brilhar no firmamento outras estrelas, como Reguengos, Portel, Viana, Vendas Novas ou Mourão. Para quem achar que estou a ser sectário, convido a que façam uma rápida consulta aos jornais locais, regionais e nacionais e às redes sociais para tirarem a prova dos nove.
Este é o último texto que publico nesta coluna antes do início do período de campanha eleitoral. Nos próximos textos não me referirei a temas que possam direta ou indiretamente ter a ver com a escolha dos eleitores. Por isso aproveito esta oportunidade para deixar um desejo. Que no próximo mandato autárquico mais estrelas surjam no firmamento da afirmação regional e que Évora assuma o seu papel de exemplo positivo.
A apresentação de uma candidatura forte a cidade europeia da Cultura 2027, que já aqui propus, pode ser o processo catalisador de vontades e recursos para fazer da nossa cidade e do nosso Concelho aquilo que ele pode e deve ser, como território de qualidadepara quem cá vive e para quem nos visita.
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