Casa Comum - a propósito dos 150 anos do conceito de Ecologia
2016/10/15 10:07
| Diário do Sul, Visto do Alentejo
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Dia 11 de Outubro, juntamente com a minha colega parlamentar
italiana Elena Gentile, tive a honra de patrocinar a realização no Parlamento
Europeu de uma sessão comemorativa dos 150 anos da definição do conceito científico
da Ecologia, organizada pela Fundação Europeia de Ecologia, que tem como
Vice-Presidente a professora da Faculdade de Ciências da Universidade Cristina
Máguas.
O estudo da terra enquanto casa comum e sistema complexo traduzindo uma
visão ecológica do mundo em que vivemos vem de tempos imemoriais. No entanto,
foi em 1866 que o cientista alemão Ernst Haeckel definiu a ecologia como a
ciência que estuda “as interações entre os organismos e entre estes e o ambiente
em que vivem”, ou seja os múltiplos ecossistemas e as relações que se
estabelecem neles e entre eles.
Depois de 1866 muitos outros cientistas e divulgadores fizeram da
ecologia uma ferramenta central para compreender o mundo e para alertar para a
necessidade de preservação das ligações vitais que o tornam perene e
sustentável.
Tendo estudado na Universidade de Évora, numa altura em que a
licenciatura em Gestão de Empresas tinha uma especialização em Gestão Agrícola,
fiz uma disciplina curricular de Ecologia e fui aluno dos Professores Gonçalo
Ribeiro Telles e Cruz de Carvalho, grandes paladinos da visão ecológica. Ao patrocinar
o evento antes referido, quis também lembrá-los com respeito e admiração.
Das múltiplas intervenções que preencheram a tarde de debate e
reflexão, foi particularmente marcante a abordagem de Joshtrom Isaac Kureethadam,
Professor de Filosofia e Ciência e Diretor do Instituto de Ciências Politicas e
Sociais da Pontifícia Universidade Salesiana de Roma, que sublinhou o papel do
Papa Francisco e da sua encíclica “Laudata Si” como o renascer da ecologia,
adaptada aos desafios do século XXI e aos riscos que corre a nossa casa comum.
Kureethadam é autor de um excelente livro em que destaca as dez ideias
ecológicas mais importantes contidas na referida encíclica. A nossa
participação enquanto cidadãos na preservação do planeta e da dignidade humana
é uma forma de sermos agentes ativos da visão ecológica. O Papa Francisco,
quase 150 anos depois da definição do conceito de ecologia, baseia nessa
perspectiva a sua esperança num novo começo baseado na cidadania ativa.
Cada um de nós pode e deve ser um protagonista da defesa da
sustentabilidade do planeta, contribuindo com a diversidade das nossas
experiências e dos nossos saberes, para aumentar a massa crítica que poderá
permitir que as decisões no mundo sejam mais amigas do ambiente e das pessoas.
É uma forma de celebrarmos todos, os 150 anos da ecologia na nossa casa comum.
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