Analistas e Politicos
2014/03/02 09:44
| Diário do Sul, Visto do Alentejo
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A complexidade do mundo em que vivemos
recomenda que os políticos tenham uma sólida formação cultural e técnica e que
os técnicos tenham cada vez mais alguma sensibilidade política. Esta constatação
não autoriza no entanto a que os políticos se refugiem no terreno dos técnicos,
quando os tempos são difíceis e exigem decisões corajosas de transformação.
Arrepia-me ver responsáveis políticos
amarrados e impotentes perante as cenarizações técnicas. Esses exercícios devem
ser um ponto de partida e não um ponto de chegada para o exercício com nobreza
da função política, baseada na decisão e na ação.
Perante um cenário difícil e contrário
às suas convicções e valores, o papel do político não pode ser apenas lamentar
e denunciar. Tem que partir para o ação transformadora e mudar os pressupostos
que dão origem a esse cenário.
O que distingue hoje a meu ver a boa da
má moeda na política (excluindo a política dos interesses que nem o nome de
política merece) é a atitude de compor e gerir conjunturalmente a realidade
versus a coragem de a transformar quando ela é negativa, injusta e iníqua.
Têm sido muitos os técnicos e os
políticos que têm vindo constatar que as nossas contas públicas ainda não são
sustentáveis e que os portugueses terão que continuar a empobrecer.
Esse é um sinal de fracasso absoluto da
política do Governo, mas constitui ao mesmo tempo um desafio fundamental para a
oposição e em particular para o Partido Socialista, que representa a
alternativa de esperança para Portugal e para os portugueses.
No Contrato de Confiança com que o PS se
apresentará às próximas eleições europeias têm que ser bem evidentes as ações
sobre a raiz dos problemas. O sentido transformador. A determinação em lutar no
patamar europeu e no patamar nacional contra o empobrecimento do País, mudando
políticas e escolhas, apostando numa economia competitiva e num posicionamento
de Portugal como um País Global prestador de serviços e produtor de tecnologias
limpas e integradoras.
Claro que os Partidos têm que ouvir os
técnicos. Mas o seu pessimismo não pode ser uma desculpa. Tem que ser antes uma
motivação extra para a ação transformadora.
Claro que eu também não sou analista.
Sou um dos responsáveis políticos que tem por obrigação fazer acontecer o que
aqui defendo. Garanto-vos que luto por isso todos os dias e tenho grande convicção
que a alternativa em Portugal está robusta e preparada para mudar a sorte do
País no próximo ciclo político.
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