Mundo Rural
2019/04/13 08:24
| Diário do Sul, Visto do Alentejo
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Participei recentemente num interessante debate sobre o mundo rural promovido pela Associação Nacional de Proprietários Rurais, Gestão Cinegética e Biodiversidade (ANPC). Na circunstância a referida associação lançou um oportuno Manifesto pelo Mundo Rural.
As eleições para o Parlamento Europeu constituem uma oportunidade para colocar na agenda temas estruturais para o futuro das comunidades locais, das regiões, dos países, da União Europeia e do Mundo. É o caso do desenvolvimento do mundo rural, que está intimamente ligado a todas as grandes questões do nosso tempo.
É nele que reside a reserva de sustentabilidade e de diversidade biológica necessária para a sobrevivência da humanidade. É também um poderoso marco de raízes culturais e identidades que definem as comunidades e facilitam a sua integração e interdependência. Dele depende ainda a produção e o fornecimento de recursos básicos como uma parte significativa da alimentação, das matérias – primas eda energia.
Os desequilíbrios demográficos, a desigualdade de oportunidades, o esgotamento dos terrenos e a destruição das florestas são problemas globais, que exigem um desenvolvimento equilibrado dos territórios. Também na União Europeia e em Portugal a valorização do mundo rural deve continuar a ser uma prioridade. Tenho-me batido para que não haja redução dos fundos europeus e nacionais para ele canalizados no próximo período de programação financeira 2021-2027, e continuarei a fazê-lo.
Fonte de tradição e de tradições, o mundo rural é também um espaço prometedor de modernidade. A ele está ligado, em grande parte, o sucesso da transição energética, da descarbonização e da sustentabilidade económica, social e ambiental. Também é nele que os progressos da digitalização poderão ter maior relevo, melhorando processos, aproximando pessoas e quebrando barreiras de acesso aos bens e serviços essenciais.
No nosso País, os espaços rurais beneficiam da excelente qualidade média de desempenho das autarquias locais, mas foram os grandes perdedores da decisão tomada por referendo de não concretizar a regionalização administrativa. É preciso por isso continuar a exigir o reforço da presença dos serviços de acesso universal no território.
Na génese somos todos rurais, mesmo quando a vida desloca grande parte do nosso quotidiano para os grandes espaços urbanos. Defender um mundo rural moderno e dinâmico é uma opção de justiça e bom senso.
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