Ondas de Verão
2008/09/01 16:00
| Diário do Sul, Visto do Alentejo
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No Verão há menos notícias da “polis” nas suas diversas facetas, mas o mesmo número de jornais e telejornais têm que ser produzidos e editados, muitas vezes com equipas também elas dizimadas pela ida a banhos ou a outras aventuras.
É por isso normal que os noticiários explorem até à exaustão qualquer evento com potencial de comunicação, dando origem a um fenómeno de ondas informativas muito característico do tempo estival.
Todos os anos passo alguns dias das minhas férias junto de familiares numa vila tradicional do centro do País e todos os anos verifico como as pessoas andam assustadas com coisas diversas, que por sorte e probabilidade estatística nunca as afectaram directamente.
Houve o ano das vacas loucas, em que a carne de vaca foi banida da mesa e só o gado de casa tinha honras de ir à panela. Houve o ano da gripe das aves em que qualquer pássaro estranho era enxotado do quinteiro e só as galinhas de capoeira eram servidas. Houveram anos de fogos em que as labaredas na televisão pareciam prestes a irromper à porta de casa. E houve este ano (como já tinha acontecido em 2000 no tempo do Ministro Fernando Gomes) o ano da insegurança e dos assaltos, fazendo com que todos se sentissem alvos do primeiro desconhecido, que pela mais cândida das razões ousasse tocar a campainha!
Na sociedade da comunicação de massas em que vivemos, estes fenómenos de histeria colectiva são quase inevitáveis. Lembrem-se entre outros, dos exemplos do “pó branco” a seguir ao 11 de Setembro ou da pedofilia na sequência do caso Casa Pia.
De alguma forma estes sobressaltos colectivos têm aspectos positivos e alertam para problemas sociais importantes. A questão é que quando se transformam em ondas, assumem também a efemeridade da forma. Enchem, desfazem-se em espuma e desaparecem sem deixar grande rasto.
É por isso que nesta crónica inspirada nas ondas, gostaria sobretudo de vos falar das correntes. A nossa sociedade precisa de gerar correntes fortes de cidadania capazes de ajudar a enfrentar questões complexas como os riscos endémicos, a destruição do património natural ou a proliferação de comportamentos de exclusão.
Se as ondas de verão nos convidarem ao mergulho na solução (como por exemplo parece ter sucedido com os fogos florestais) então são ondas positivas. Se apenas servirem para nos assustar, vender jornais e publicidade e destruir a imagem do País, então temos que ter o cuidado de distinguir as verdadeiras ondas das que são sobretudo ilusões mediáticas ou de óptica.
Entre a “Onda Gigante” do Algarve e o Tsunami no Índico existiu a distância entre a ilusão e a tragédia. São fenómenos que não se podem confundir.
É por isso normal que os noticiários explorem até à exaustão qualquer evento com potencial de comunicação, dando origem a um fenómeno de ondas informativas muito característico do tempo estival.
Todos os anos passo alguns dias das minhas férias junto de familiares numa vila tradicional do centro do País e todos os anos verifico como as pessoas andam assustadas com coisas diversas, que por sorte e probabilidade estatística nunca as afectaram directamente.
Houve o ano das vacas loucas, em que a carne de vaca foi banida da mesa e só o gado de casa tinha honras de ir à panela. Houve o ano da gripe das aves em que qualquer pássaro estranho era enxotado do quinteiro e só as galinhas de capoeira eram servidas. Houveram anos de fogos em que as labaredas na televisão pareciam prestes a irromper à porta de casa. E houve este ano (como já tinha acontecido em 2000 no tempo do Ministro Fernando Gomes) o ano da insegurança e dos assaltos, fazendo com que todos se sentissem alvos do primeiro desconhecido, que pela mais cândida das razões ousasse tocar a campainha!
Na sociedade da comunicação de massas em que vivemos, estes fenómenos de histeria colectiva são quase inevitáveis. Lembrem-se entre outros, dos exemplos do “pó branco” a seguir ao 11 de Setembro ou da pedofilia na sequência do caso Casa Pia.
De alguma forma estes sobressaltos colectivos têm aspectos positivos e alertam para problemas sociais importantes. A questão é que quando se transformam em ondas, assumem também a efemeridade da forma. Enchem, desfazem-se em espuma e desaparecem sem deixar grande rasto.
É por isso que nesta crónica inspirada nas ondas, gostaria sobretudo de vos falar das correntes. A nossa sociedade precisa de gerar correntes fortes de cidadania capazes de ajudar a enfrentar questões complexas como os riscos endémicos, a destruição do património natural ou a proliferação de comportamentos de exclusão.
Se as ondas de verão nos convidarem ao mergulho na solução (como por exemplo parece ter sucedido com os fogos florestais) então são ondas positivas. Se apenas servirem para nos assustar, vender jornais e publicidade e destruir a imagem do País, então temos que ter o cuidado de distinguir as verdadeiras ondas das que são sobretudo ilusões mediáticas ou de óptica.
Entre a “Onda Gigante” do Algarve e o Tsunami no Índico existiu a distância entre a ilusão e a tragédia. São fenómenos que não se podem confundir.
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