Alerta!
Depois de momentos muito difíceis que levaram à declaração de Estados de Emergência e de Calamidade, Portugal regressa agora a uma relativa normalidade, com a declaração do Estado de Alerta. Aquilo que coletivamente fizemos para que isso se tornasse possível deve orgulhar-nos a todos, mas também nos deve desafiar e interrogar porque razões numas coisas conseguimos e noutras não.
Se conseguimos reagir desta forma quando tivemos que nos defender de um vírus insidioso e ainda à solta, podemos e devemos usar a mesma força coletiva para aproveitar ao máximo os recursos disponíveis para a resiliência e a recuperação e passarmos para outro patamar de criação de riqueza, produtividade, competitividade e qualidade de vida. Temos que manter alerta e mobilizados para isso.
Temos que metaforicamente manter o “Estado de Alerta” mesmo quando a pandemia for erradicada ou tornada irrelevante, e virar a nossa mira para a necessidade de transpor os níveis de organização e compromisso que nela demonstrámos, para a dinamização de redes colaborativas na economia e na sociedade, que permitam termos melhores condições de vida, melhores salários, mais criação de riqueza e mais atratividade e para conseguirmos fixar no território as novas gerações altamente qualificadas, e com elas criarmos também a massa crítica necessária para que toda a comunidade seja beneficiada.
Tenho orgulho no meu País e nos progressos que fez na qualidade das respostas sociais, na generalização das qualificações e na disseminação de infraestruturas fundamentais por todo o território, na capacidade dos centros de investigação, na criatividade e na inovação, mas não me conformo com as dificuldades que ainda muitos sentem para ter um nível de vida digno e sobretudo com a consciência de que as novas gerações têm hoje mais dificuldade em seguir um caminho de vida com autonomia e segurança do que teve a minha geração.
Sei que o mundo mudou. Sei que somos excecionais em muitas coisas, mas não ainda nas coisas suficientes para convergirmos de forma mais rápida com os padrões de vida médios da União Europeia.
Se fizermos desta constatação, não uma razão para desistir ou criticar de forma inconsequente, mas antes para a usarmos como um fator de mobilização coletiva, como foi a mobilização para o combate à pandemia, então poderemos chegar a 2030, no final deste ciclo de retoma satisfeitos como mais uma prova de superação.
Se nos superámos na pandemia porque não nos podemos superar noutras dinâmicas fundamentais da sociedade? Alerta!