Armadilha Orçamental
2013/10/20 12:51
| Diário do Sul, Visto do Alentejo
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Os
beneficiários indirectos do regime de iniquidade que o Governo está a
concretizar já não têm argumentos para defender as políticas de fracasso
económico e social perante o povo. Só lhes resta um argumento minimalista que
eles vão repetindo até à exaustão. A ideia de que não há alternativa e de que
um Governo do PS seria obrigado a fazer o mesmo.
Esta
afirmação é gratuita e não incorpora o princípio da dinâmica democrática.
Obviamente que um governo PS não terá a subserviência crédula que este governo
tem a receitas falhadas. A demonstração está no programa alternativo de
consolidação económica que esteve em cima da mesa em Julho e que a teimosia de
Passos Coelho fez abortar.
Mais
importante do que isso no entanto, é que um Governo do PS alargado às outras
plataformas progressistas na sociedade portuguesa não se deixará enredar na
armadilha do orçamento. Os nossos problemas orçamentais resolvem-se na economia
real e não dentro da esfera financeira. Nessa esfera a espiral recessiva está
enfunada e em roda livre. Precisa de ser travada a partir de fora.
Vem aí um
pacote financeiro de 22 mil milhões de euros de fundos estruturais. Temos que
os saber usar para desarmar a armadilha financeira.
Em primeiro
devemos exigir um perfil de pagamento da dívida adequado à sustentabilidade da
nossa economia e depois puxar por ela. Como? Apostando nas áreas em que temos
evidentes potencialidades competitivas como o turismo, as florestas, a energia
limpa, os serviços tecnológicos, as indústrias criativas, os clusters
inovadores das indústrias tradicionais e da agro-pecuária de nova geração.
Mas o que é
apostar? É mobilizar as pessoas, fazê-las acreditar e focalizar as políticas
públicas para melhorar o contexto competitivo e capitalizar quem faz bem e tem
capacidade de competir à escala global.
Muitos
perguntarão. Será justo apostar em quem já lidera embora sem dimensão crítica
sustentável? E os outros?
Os outros
ganham de forma indirecta com o arrastamento provocado pelas cadeias de valor.
E ao ganhar também eles criam dimensão, sinergia, emprego e mercados de procura
cruzada que são fundamentais para a concorrência externa.
Habituados
ao protetorado dos serviços monopolistas ou intangíveis os beneficiários da
crise proclamam que não há alternativa. Em democracia as escolhas funcionam ou
falham quando se cumpre a vontade popular. A escolha deste governo e desta
política falhou. É tempo de dar uma oportunidade à mudança e iniciar outro
caminho.
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