Bruxelas Progressista
2018/02/11 11:35
| Diário do Sul, Visto do Alentejo
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A tentativa de alguns deputados do Partido Popular Europeu agendarem para debate no Parlamento Europeu o efémero “caso Centeno”, foi mais uma demonstração de como certa direita neoliberal europeia lida mal com os resultados que o Governo Português tem vindo a obter, conjugando sensibilidade social, crescimento, criação deemprego e cumprimento dos compromissos do tratado orçamental.
Na mesma linha se integra a recomendação da Comissão Europeia para que Portugal reduza a proteção dos trabalhadores, esquecendo que com o atual quadro laboral o País tem vindo a atrair empresas e investimentos com grande significado e que se tornou competitivo ao ponto das exportações já contarem mais de 40% na formação do produto Interno Bruto (PIB).
Não podemos escamotear que com a economia e os modelos produtivos a mudar cada vez mais depressa, as leis laborais terão que se adaptar para proteger os trabalhadores, as empresas e os postos de trabalho. Esta evolução concertada e necessária para combater de forma estrutural a precariedade, não é no entanto aquela que está no espírito da “Bruxelas neoliberal” que ainda é maioritária nas instituições. Para esses o foco está unilateralmente centrado na facilitação dos despedimentos.
A conotação simbólica entre o projeto europeu e “Bruxelas”, incorporada na forma como são habitualmente comunicadas as decisões tomadas pelas instituições europeias é muito perigosa para o projeto europeu, porque associa a União Europeia às maiorias democráticas circunstanciais, reforçando assim uma dicotomia simplista entre o campo pró-europeu de um lado e o campo nacionalista, soberanista, populista do outro lado.
O espaço político pró-europeu tem dentro de si, como o caso português demonstra,alternativas claras que permitem a livre escolha dos cidadãos, sobre as prioridades que querem ver respeitadas, para além do ideal e liberdade que é comum a todos os que o integram.
Há uma “Bruxelas” neoliberal que insiste nas receitas da austeridade e uma “Bruxelas”progressista que vai resistindo, demonstrando que há alternativa e procurando tornar maioritária uma agenda centrada no bem-estar das pessoas e na sustentabilidade do planeta.
Em Maio de 2019 os cidadãos terão, nas eleições para o Parlamento Europeu, nova oportunidade de decidir que “Bruxelas” querem. Se mantêm uma maioria neoliberal ou dão uma oportunidade à via progressista. O exemplo da boa governação em Portugal ajudará, estou a certo, a que a maioria opte por uma agenda pró-europeia e progressista.
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