A Toque de Caixa
2013/04/21 12:12
| Diário do Sul, Visto do Alentejo
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A recente visita do Presidente da República
à Colômbia e ao Peru, cuja delegação integrei em representação do Grupo Parlamentar
do Partido Socialista constituiu sem dúvida um sucesso político e empresarial.
As nossas empresas com produtos
diversificados e com elevado conhecimento e valor acrescentado, que se foram
desenvolvendo e fortalecendo no contexto do Plano Tecnológico, sejam elas em
setores tradicionais ou em setores emergentes, privadas que estão do mercado
interno, continuam no entanto a dar cartas no mercado global.
No quadro do cerimonial destas visitas
muitos dos momentos foram acompanhados de fanfarras e bandas. Por várias vezes
a comitiva cantou a plenos pulmões o Hino Nacional. Portugal foi diversas vezes
referido como um exemplo dum País com identidade, culturalmente rico e com
capacidade de dar respostas criativas e inovadoras para os Países emergentes
como aqueles que visitámos.
Visto dos Andes o nosso futuro pareceu
melhor! Portugal esteve ali com força e com garbo. A crise foi esquecida a
toque de caixa. Não senti falta de força anímica nem complexos de inferioridade
em nenhum dos mais de setenta empresários que integraram a comitiva.
Não pude por isso durante os dias da
viagem, deixar de medir o contraste entre a alegria duma delegação solta em
territórios amigos, com a tristeza desanimada com que nos vamos relacionando
com aquele que deveria ser o nosso espaço natural – o espaço europeu –
capturado pela tecnocracia quase demencial dos guardadores do deficit.
De repente apeteceu-me que em Portugal
se recriasse o ambiente daquelas terras dos Andes. Que cada orquestra, banda,
fanfarra viesse para as ruas e todos cantássemos o hino nacional e o hino
europeu (e também a Grândola!) a plenos pulmões porque a vida não pode ser
outra coisa que não uma festa e uma busca permanente da felicidade.
A delegação da Troika poderia andar de
reunião em reunião com uma banda sinfónica atrás e o famoso coro de Santo Amaro
de Oeiras deveria cantar antes de Gaspar nos adormecer com a síntese da
avaliação.
Adormecer ou acordar! Doem-me os braços
caídos e o desânimo que legitimamente se apoderou de tantos de nós nestes
tempos em que se celebra a primavera e a liberdade. A “toque de caixa” é uma
alegoria. Uma alegoria pela alegria revolucionária. Pela quebra dos tempos de
chumbo. Pela viragem.
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