Dona Branca XXL
2008/10/20 09:00
| Diário do Sul, Visto do Alentejo
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A crise económica e financeira global que estamos a viver é uma boa oportunidade para reflectirmos sobre as razões que nos conduziram até este ponto. Quando Bob Hope proferiu a célebre afirmação de que um banco é uma “instituição que empresta dinheiro a quem dele não precisa”, achámos graça, repetimos até á exaustão, mas não extraímos as devidas consequências do que essa definição espirituosa mas profunda significava.
No entanto foi esta ideia basilar que iniciou a hecatombe no mercado imobiliário e hipotecário americano (o famoso subprime), mãe de todas as crises e de todos os danos colaterais, para usar uma expressão querida do outro lado do atlântico, sobretudo pelos guardiães do “eixo do bem” Neoliberal.
Nos Estados Unidos e um pouco por todos os mercados financeiros mais “sofisticados”, foi invertida a lógica do mercado hipotecário e seguindo a definição bancária de Hope, começaram a ser vendidas casas a quem delas verdadeiramente não precisava, como suporte para emprestar dinheiro para gasto imediato, garantido por potenciais valorizações futuras do património.
O que nos conduziu desta impetuosa “Dona Branca XXL” até à crise actual tem uma explicação simples. Algumas pessoas começaram a precisar mesmo de dinheiro e alguns bancos começaram a precisar de liquidez para solver os seus compromissos. Ora o sistema não está desenhado para emprestar a quem precisa, mas sim para capitalizar quem não precisa. Face a este contra ciclo, o efeito dominó fez-se sentir e o medo tomou conta dos mercados.
Se estamos em contra ciclo precisamos de políticas inovadoras. Nenhuma solução milagrosa será no entanto viável sem uma mudança radical na ética financeira. Temos que voltar a discutir os fundamentos do sistema financeiro e em particular o que são e para que servem os bancos.
A prática bancária foi durante muitos séculos considerada usurária e pecaminosa. De repente, com a abertura comercial e o progresso industrial, o sistema financeiro passou a ser o motor impulsionador das novas ideias e dos novos projectos, rigorosamente analisadas e tendo em conta níveis comportáveis de risco. A euforia financeira esbateu no entanto o rigor, tornou opaca a análise de risco e blindou as posições dos gestores financeiros, através duma cortina de fumo de remuneração dos capitais que não permite conhecer a fundo a textura do modelo que a gera.
A recuperação económica global é possível, necessária e urgente. Mas a solução não poderá voltar a ser uma reedição da D. Branca, mesmo que agora em tamanho “extra large”. Os valores éticos têm que comandar os valores monetários e financeiros. Sem isso, as ondas continuarão a bater forte na rocha, numa sucessão de marés vivas, para gáudio do peixe do alto e sofrimento do mexilhão.
No entanto foi esta ideia basilar que iniciou a hecatombe no mercado imobiliário e hipotecário americano (o famoso subprime), mãe de todas as crises e de todos os danos colaterais, para usar uma expressão querida do outro lado do atlântico, sobretudo pelos guardiães do “eixo do bem” Neoliberal.
Nos Estados Unidos e um pouco por todos os mercados financeiros mais “sofisticados”, foi invertida a lógica do mercado hipotecário e seguindo a definição bancária de Hope, começaram a ser vendidas casas a quem delas verdadeiramente não precisava, como suporte para emprestar dinheiro para gasto imediato, garantido por potenciais valorizações futuras do património.
O que nos conduziu desta impetuosa “Dona Branca XXL” até à crise actual tem uma explicação simples. Algumas pessoas começaram a precisar mesmo de dinheiro e alguns bancos começaram a precisar de liquidez para solver os seus compromissos. Ora o sistema não está desenhado para emprestar a quem precisa, mas sim para capitalizar quem não precisa. Face a este contra ciclo, o efeito dominó fez-se sentir e o medo tomou conta dos mercados.
Se estamos em contra ciclo precisamos de políticas inovadoras. Nenhuma solução milagrosa será no entanto viável sem uma mudança radical na ética financeira. Temos que voltar a discutir os fundamentos do sistema financeiro e em particular o que são e para que servem os bancos.
A prática bancária foi durante muitos séculos considerada usurária e pecaminosa. De repente, com a abertura comercial e o progresso industrial, o sistema financeiro passou a ser o motor impulsionador das novas ideias e dos novos projectos, rigorosamente analisadas e tendo em conta níveis comportáveis de risco. A euforia financeira esbateu no entanto o rigor, tornou opaca a análise de risco e blindou as posições dos gestores financeiros, através duma cortina de fumo de remuneração dos capitais que não permite conhecer a fundo a textura do modelo que a gera.
A recuperação económica global é possível, necessária e urgente. Mas a solução não poderá voltar a ser uma reedição da D. Branca, mesmo que agora em tamanho “extra large”. Os valores éticos têm que comandar os valores monetários e financeiros. Sem isso, as ondas continuarão a bater forte na rocha, numa sucessão de marés vivas, para gáudio do peixe do alto e sofrimento do mexilhão.
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