Estamos Bem?
2015/07/24 14:48
| Diário do Sul, Visto do Alentejo
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O discurso
de Passos e Portas e de todos os porta-vozes no governo nas últimas semanas
sintetiza-se numa enorme operação psicológica para convencer os portugueses de
que estamos bem. Por isso quero desafiar neste texto os meus leitores a fazerem
consigo próprios, esta avaliação. Estamos bem?
Estamos bem
depois de termos regressado a valores de criação de riqueza do século passado? Estamos
bem quando os nossos jovens qualificados não encontram emprego ou só encontram
emprego fora do seu País? Estamos bem quando ao fim de quatro anos de
governação se fizeram cortes e cortes na administração mas não se realizou a
Reforma do Estado e por isso os cidadãos e as empresas recebem cada vez menos
serviços de qualidade em função dos impostos que pagam?
A narrativa
deste ciclo de governo tem dois momentos. Primeiro disseram aos portugueses que
estavam a viver acima das possibilidades. Depois em vez de promoverem o
crescimento sustentável para equilibrar a receita com a despesa, cortaram
despesa nos mais pobres para ajustar a dívida. Um ajustamento que falhou
rotundamente. Se hoje temos menos custos financeiros isso resulta de políticas
do Banco Central Europeu contra as quais o governo sempre esteve. Dito isto os
meus leitores já perceberam que na minha opinião não estamos bem. E na vossa
opinião?
A primeira
reflexão que propus neste texto conduz a duas outras. Poderíamos estar melhor?
E poderemos vir a estar melhor? A primeira pergunta tem resposta fácil. Sendo hoje
reconhecido que as políticas de austeridade falharam em toda a Europa como
método de controlo do deficit e da dívida, a sobredose de austeridade que
resulta de termos um governo que quis sempre ir além da “troika” penalizou
desnecessariamente a nossa economia e as famílias e enfraqueceu a base
competitiva com que temos que recuperar a nossa posição no mundo. Aliás, muitas
das políticas de mitigação da austeridade de que Portugal acabou por beneficiar
foram aprovadas contra a vontade do Governo como já escrevi antes e começaram a
ser propostas pelo PS muito antes de acabarem por ser adotadas pelas
instituições europeias. Quem não se lembra das sucessivas exigências que o PS
foi fazendo à “Troika” de mais tempo e menos juros, com a oposição sempre
subserviente do governo português.
Na minha
opinião, não estamos bem e podíamos estar melhor. E na vossa opinião? Estamos
Bem? Podíamos estar melhor? A questão chave que se coloca hoje é no entanto a
terceira que formulei. Poderemos vir a estar melhor?
O PS com o seu quadro macroeconómico já
demonstrou que sem receios de crises à grega e dentro da interpretação
inteligente dos Tratados será possível baixar alguns impostos (ex: IVA da
restauração) não cortar pensões, aumentar os salários mais baixos, garantir
mínimos de dignidade às pessoas, combater a pobreza e o desemprego. E a
coligação? Essa acha que estamos bem. Com ela
continuaremos no mesmo caminho. Estamos bem?
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