"Troika e Meia" - Primeiras impressões sobre o novo governo
2011/06/18 15:15
| Diário do Sul, Visto do Alentejo
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Pedro Passos Coelho foi frontal e muito claro na sua campanha ao afirmar que se ganhasse as eleições se propunha ir para além da Troika na exigência dos programas de austeridade, na redução da abrangência do Estado Social e na privatização dos serviços públicos.
Na expressão da sua vontade o povo português foi inequívoco na legitimação democrática dessa proposta e o novo Primeiro-ministro cumpriu o prometido sem delongas. Em consequência temos hoje o governo mais tecnocrático, liberal e socialmente insensível da democracia portuguesa. Diria mesmo que, sabendo todos que qualquer que fosse o vencedor teria que se haver com o programa da “troika”, este Governo tomou para si e de livre vontade “Troika e meia”.
E que mal tem tomar “Troika e meia” em vez da “Troika simples” contratualizada com largo espectro de apoio e sufragada por quase 80% dos eleitores? Do meu ponto de vista existem dois impactos fortes que têm que ser tidos em conta. Por um lado a competitividade da nossa economia não se obtêm por erosão salarial ou de condições de trabalho, mas sim através das qualificações, da qualidade do emprego e da inovação. Em segundo lugar a paz social é um capital de grande importância para o sucesso da transformação económica e social que precisamos consolidar para resolver a crise financeira que nos asfixia.
Talvez ainda seja cedo para perceber toda a estrutura orgânica e funcional do governo, mas é já claro que a cultura, a ciência e a inovação perderam autonomia e peso político. Este é um sinal preocupante. Na sociedade do conhecimento, o que faz a qualidade das políticas públicas, o Estado eficaz e a sociedade competitiva é o repositório de competências ao seu serviço.
Não foi esse no entanto o caminho escolhido pela coligação PSD/CDS e volto a referi-lo, o resultado eleitoral oferece total legitimidade à escolha feita. Foi a maioria dos portugueses que legitimou o caminho, embora em muitos casos, quero crer que sem total consciência dos dados e cenários em confronto.
Nas pastas das Finanças e da Economia, este último constituído como um verdadeiro Mega Ministério, foram colocados dois académicos reconhecidos e ao mesmo tempo dois expoentes do pensamento liberal e dois crentes no poder “curativo” da hegemonia dos mercados. Tudo isto é legítimo, tudo isto é claro e tudo isto tem consequências políticas que não podem ser escamoteadas.
A receita foi validada e a poção foi tomada de um só gole! O chefe de governo assumiu o risco total - “Troika e meia ou nos cura ou nos mata”. A minha convicção é que mesmo que cure nos deixará coxos e desasados, com mais assimetrias, desigualdades e injustiças sociais.
Face à convicção exposta preparo-me para uma oposição construtiva. Para uma defesa dos valores e princípios da dignidade, da regulação e da equidade. Para me bater por uma competitividade impulsionada pelo conhecimento, pela inovação e pela qualidade.
Pedro Passos Colho tomou de livre vontade “Troika e meia”. O PS não queria tomar esse remédio mas viu-se forçado a engolir uma “Troika”. Mais do que isso não nos peçam para fazer. Fazê-lo seria trair os quase 30% de portugueses que não obstante o desgaste de seis anos de difícil governação, acreditaram e confiaram que era possível conciliar sensibilidade social e convergência financeira.
Na expressão da sua vontade o povo português foi inequívoco na legitimação democrática dessa proposta e o novo Primeiro-ministro cumpriu o prometido sem delongas. Em consequência temos hoje o governo mais tecnocrático, liberal e socialmente insensível da democracia portuguesa. Diria mesmo que, sabendo todos que qualquer que fosse o vencedor teria que se haver com o programa da “troika”, este Governo tomou para si e de livre vontade “Troika e meia”.
E que mal tem tomar “Troika e meia” em vez da “Troika simples” contratualizada com largo espectro de apoio e sufragada por quase 80% dos eleitores? Do meu ponto de vista existem dois impactos fortes que têm que ser tidos em conta. Por um lado a competitividade da nossa economia não se obtêm por erosão salarial ou de condições de trabalho, mas sim através das qualificações, da qualidade do emprego e da inovação. Em segundo lugar a paz social é um capital de grande importância para o sucesso da transformação económica e social que precisamos consolidar para resolver a crise financeira que nos asfixia.
Talvez ainda seja cedo para perceber toda a estrutura orgânica e funcional do governo, mas é já claro que a cultura, a ciência e a inovação perderam autonomia e peso político. Este é um sinal preocupante. Na sociedade do conhecimento, o que faz a qualidade das políticas públicas, o Estado eficaz e a sociedade competitiva é o repositório de competências ao seu serviço.
Não foi esse no entanto o caminho escolhido pela coligação PSD/CDS e volto a referi-lo, o resultado eleitoral oferece total legitimidade à escolha feita. Foi a maioria dos portugueses que legitimou o caminho, embora em muitos casos, quero crer que sem total consciência dos dados e cenários em confronto.
Nas pastas das Finanças e da Economia, este último constituído como um verdadeiro Mega Ministério, foram colocados dois académicos reconhecidos e ao mesmo tempo dois expoentes do pensamento liberal e dois crentes no poder “curativo” da hegemonia dos mercados. Tudo isto é legítimo, tudo isto é claro e tudo isto tem consequências políticas que não podem ser escamoteadas.
A receita foi validada e a poção foi tomada de um só gole! O chefe de governo assumiu o risco total - “Troika e meia ou nos cura ou nos mata”. A minha convicção é que mesmo que cure nos deixará coxos e desasados, com mais assimetrias, desigualdades e injustiças sociais.
Face à convicção exposta preparo-me para uma oposição construtiva. Para uma defesa dos valores e princípios da dignidade, da regulação e da equidade. Para me bater por uma competitividade impulsionada pelo conhecimento, pela inovação e pela qualidade.
Pedro Passos Colho tomou de livre vontade “Troika e meia”. O PS não queria tomar esse remédio mas viu-se forçado a engolir uma “Troika”. Mais do que isso não nos peçam para fazer. Fazê-lo seria trair os quase 30% de portugueses que não obstante o desgaste de seis anos de difícil governação, acreditaram e confiaram que era possível conciliar sensibilidade social e convergência financeira.
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