Autárquicas 2017 - Tempo de Escolha
2017/07/22 08:35
| Diário do Sul, Visto do Alentejo
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Aproximam-se mais umas eleições autárquicas, agendadas para o próximo dia 1 de Outubro. Estas eleições, que são as décimas segundas desde a restauração da Democracia em 25 de Abril de 1974 disputam-se num contexto inovador, no quadro de uma governação nacional assegurada pelo Partido Socialista (PS) com o apoio parlamentar do Partido Comunista (PCP) do Bloco de Esquerda (BE) e dos Verdes. O acordo político que viabiliza a atual solução governativa não tem extensão para o plano autárquico.
No Alentejo, embora seja expectável uma grande variedade de propostas e candidaturas, algumas delas com o estatuto de candidaturas independentes, os eleitores vão ter de novo perante si os três modelos de estratégia e exercício autárquico que se consolidaram com a experiência e a prática de sucessivos ciclos autárquicos. O modelo económico do PSD, o modelo social da CDU e o modelo socioeconómico do PS.
Os programas autárquicos do PSD são normalmente vocacionados para o desenvolvimento das estruturas económicas dos Concelhos. O grande problema desta abordagem é a carência de massa crítica que existe em grande parte do território, fazendo com que esta estratégia acabe por deixar de fora grande parte da população que não está inserida nas cadeias produtivas. Acresce que o PSD alentejano nunca tem contado com a solidariedade efetiva do PSD nacional, para o qual o Alentejo nunca foi uma prioridade política e por isso tem também dificuldade em dar respostas consistentes, sendo uma força autárquica bastante mais frágil no Alentejo que no resto do País.
A CDU foi desenvolvendo ao longo um dos anos um trabalho muito meritório no domínio do desenvolvimento das redes sociais. Essa estratégia levada ao limite tornou esta força política prisioneira da sua própria estratégia, já que o desenvolvimento neste quadro significa menos pessoas a depender dessas redes e logo a erosão dos votos potenciais nos seus programas. É por isso que a CDU é normalmente renitente em atrair investimentos que mudem as estruturas sociais dos Concelhos que governa e se nota um forte contraste entre o desenvolvimento e económico desses Concelhos e o padrão de Concelhos vizinhos governados por forças mais ousadas e progressistas no plano económico.
A minha observação de dezenas de anos de poder autárquico, tem-me permitido compreender porque é que o PS se assumiu progressivamente como o Partido do Alentejo e dos Alentejanos, nem sempre ganhando o maior numero de Câmaras Municipais, mas sendo o partido globalmente mais votado em eleições autárquicas e nacionais e conseguindo nos seus programas de ação conjugar as duas dimensões chave para um território envelhecido, pouco povoado mas ávido de futuro.
O modelo autárquico do PS conjuga um desenvolvimento económico inclusivo com o desenvolvimento de uma rede social forte. A aposta económica torna a rede social mais sustentável e a rede social torna o desenvolvimento económico mais justo e estrutural.
Com estres três modelos “clássicos” e alguns outros a emergir de outras forças políticas e de propostas independentes, os alentejanos não têm razão para não participar ativamente na festa da democracia de dia 1 de Outubro. Como diz o povo, “somos nós que fazemos a cama onde nos deitamos”. Que a façamos bem.
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