O Oráculo de Sócrates
2013/10/26 15:03
| Diário do Sul, Visto do Alentejo
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Com a sucessão de entrevistas e o
lançamento em grande estilo da edição em livro da sua tese de mestrado, José
Sócrates voltou ao grande plano do cenário político nacional. Desde esse
momento que toda a gente me pergunta, ciente que durante seis anos trabalhei em
grande proximidade com o ex - Primeiro-ministro, se Sócrates vai voltar! Se
quer voltar e para que lugar quer voltar?
Não sei a resposta. Nunca falei com o
próprio sobre o tema. Mas posso refletir alto sobre o assunto. É o que faço
nesta crónica.
Não perceberam já todos que
verdadeiramente José Sócrates nunca partiu nem poderia partir? E mesmo que essa
aparência tivesse enganado alguns, não é agora já evidente para todos que ele
está cá e não poderia deixar de estar?
Sócrates pelo seu perfil e determinação
não precisa de nenhum lugar formal para opinar e influenciar a política
portuguesa. Para servir de pedra de toque com a qual se podem e devem comparar
as politicas que se seguiram, os estilos de governo que os eleitores escolheram
e os resultados que se obtiveram.
Acredito pelo que conheço que Sócrates
deseje pessoalmente desempenhar esse papel, tendo esse direito tanto mais claro
quanto nunca os seus detractores o deixaram de flagelar na sua ausência física.
Acredito também que mesmo que não o desejasse Sócrates seria chamado a
continuar uma referência activa na política portuguesa.
Para o bem e nalguns casos para o menos bem
ele marcou o Século XXI português. Muitos grandes políticos marcaram o nosso
século XX. Sócrates é o primeiro com lugar já reservado na galeria do Século
XXI.
Cada político tem o seu estilo.
Considero por exemplo que o País tem sido muito ingrato com António Guterres.
Ingrato não apenas por não valorizar a grande obra que fez mas também por não
polemizar os erros que também cometeu. Guterres tal como Barroso e Santana são
parêntesis na governação. Já Sá Carneiro, Soares, Cavaco e Sócrates criaram um
choque emocional. Ninguém lhes é indiferente. Há quem goste e quem odeie. Há
quem se iluda e quem se desiluda, mas vivos ou mortos (como é o infeliz caso de
Sá Carneiro) activos ou capturados são pilares de referência da nossa
democracia.
Não faço ideia qual será o futuro
político de Sócrates. Que se desiludam no entanto os que o querem ver pelas costas.
Um homem com o seu carisma e com a sua força estará sempre por perto na nossa
história, vivo ou morto.
Espero que vivo e com saúde por muitas e
boas décadas.
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